Este artigo
está sendo transcrito do Blog ALERTA TOTAM por ser um retrospectiva
fiel da corrupção que o PT, Partido dos Trabalhadores, instalou no País.
Por Haroldo P. Barboza(*)
Dizem as más (e as boas também)
línguas que este é o país dos Zé's. Desde Alberto até Zenóbio (passando por
Mané) temos milhões de José's como precedentes. Não é difícil comprovar este
fato. Basta uma contagem ligeira nos cartórios do país.
Já a contagem de "marcos"
(José Marco não é difícil de encontrar) será mais difícil de contabilizar.
Temos o sentimento de que a menção desta palavra vem de muito antes do arroto
do Ipiranga.
A cada evento que mexia com os
sentimentos do povo, uma personalidade pronunciava esta palavra com ênfase e
emoção, dando a impressão de que a partir daquele instante, o sentimento de
civismo seria forte o suficiente para unir o povo numa cruzada em busca da
dignidade pisoteada pela falta de caráter de seus dirigentes.
Até onde nossa memória permite, eis
alguns "marcos" recentes (com menos de 10 anos de vida) que tendem ao
esquecimento até mesmo pelos que sofreram diretamente com o evento que provocou
seu "nascimento" (José Marcos Nascimento também é um nome comum).
1) Quando derrubaram Collor,
afirmaram que ali estava o marco de uma nova era em nossa administração
pública, com o fim da corrupção no governo federal. E como resultado, aqui
estamos lamentando o aumento da falência de todas as áreas sociais em função da
corrupção que se alastrou em todas as esferas de governo a céu aberto.
2) Quando o plano Real foi lançado
afirmaram que ali estava o marco de recuperação da economia de nossa pátria.
Que finalmente o povo passaria a ter meios de viver de forma digna, com redução
da miséria em função do aumento da produtividade. E como resultado, aqui
estamos em segundo lugar no índice de desemprego mundial (só perdemos para a
Índia), com a suspeita dívida externa 12 vezes maior do que há 8 anos. A
liberação dos aumentos neste último trimestre (mantendo os salários congelados,
é claro) é mais uma prova do engodo que nos iludiu por vários anos.
3) Quando o Bateau Mouche afundou com
mais de 100 personalidades a bordo, afirmaram que ali estava o marco no tocante
à segurança da navegação brasileira, nos rios e em nossas costas. E hoje,
continuamos de costas para o problema. Não só no que se refere às viagens sobre
as águas, mas no desleixo em relação às viagens por estradas, segurança contra
incêndio e limpeza de hospitais.
4) Quando um laboratório colocou
comprimidos de farinha contra a gravidez (ao preço do original, claro)
afirmaram que ali estava o marco de uma nova era na fiscalização da saúde em
geral. E como resultado, temos venda de camisinhas furadas, aumento desproporcional
de medicamentos, compras ultrafaturadas de remédios pelos hospitais públicos e
abuso por parte dos planos de saúde que deixam morrer pacientes com um dia de
atraso na mensalidade.
5) Quando o Palace II (à base de
areia e cola) de Sérgio Naya desabou na Barra da Tijuca (RJ) matando 8 pessoas
afirmaram que ali estava o marco da construção civil. E hoje, o autor da proeza
continua solto sem ter quitado todas as indenizações devidas, assim como outros
pilantras do mesmo quilate que continuam construindo armadilhas de baixa
qualidade que desabam periodicamente.
6) Quando a P36 da Petrobras afundou
matando 11 petroleiros patriotas afirmaram que ali estava o marco que
determinaria uma nova conduta de qualidade dentro das empresas públicas. Mas o
processo de desmantelamento das mesmas continua no sentido de desvalorizar seu
preço para a ocasião do leilão-doação.
7) Quando o índio Pataxó foi
covardemente queimado em Brasília por filhotes da elite afirmaram que ali
estava o marco da recuperação da Justiça desmantelada. A condenação dos
criminosos representaria um exemplo de que ela trata com vigor aos pobres e aos
ricos. Acreditamos que o aprendiz de juiz Lalau deve estar recuperando seu
vigor para em breve arquitetar novos desfalques nas contas públicas.
8) Quando o Prefeito Daniel foi
barbaramente executado afirmaram que ali estava o marco para impulsionar as
forças da Lei no sentido de combater o crime que já havia esticado seus braços
sobre os gabinetes das autoridades de nossa terra. Outros Prefeitos, líderes de
entidades e comunidades já foram eliminados e os gabinetes continuam comandando
trânsito livre de armas e drogas por nossas fronteiras.
9) Quando ocorreu a primeira rebelião
em Bangu I, afirmaram que ali estava o marco da recuperação do sistema
carcerário do país. Que a partir daquele momento o sistema de segurança seria
remodelado para servir de exemplo para o resto do país. Hoje, após a 15a.
rebelião, temos certeza que lá foi instalado o QG operacional do crime
organizado (o QG estratégico continua nos confortáveis gabinetes da
administração pública).
Em passado recente, o corajoso
jornalista Tim Lopes foi executado cruelmente. E alguém já disse que este é o
marco que vai determinar a liberdade não só da imprensa (que não se rendeu nem
à ditadura) como de toda a nação, que está começando a considerar normal ser
comandada pelos criminosos de armas de fogo – já que está acostumada com os que
usam a caneta.
Até o momento só deu para perceber
que este fato abafou o caso do cantor Belo. E que tende a ser esquecido logo
com a ênfase que a própria imprensa dará ao final da novela da noite, aos
"comoventes momentos" do Big Bobo Brasil (12, 13, 14,...) e aos
candidatos às eleições de 2014, que a partir de julho de 2014 começarão a abraçar
idosos, beijar criancinhas de rosto sujo e a montar em jegues mancos caso a
seleção de futebol não conquiste a copa de futebol.
E de marco em marco, vamos afundando
no charco.
(*) Haroldo P. Barboza é Professor e
Escritor. Autor dos livros Brinque e cresça feliz e Sinuca de bico na cuca.
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