Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
O que pode estar por trás da decisão da Comissão de Valores Mobiliários em abrir processo administrativo contra membros do Conselho de Administração da Petrobras acusados de terem endossado o plano de negócios da companhia para 2014/2018? Por que a CVM resolveu, agora, criar caso contra os poderosos Guido Mantega, Miriam Belchior, Luciano Coutinho, Márcio Zimmermann, Sergio Quintella e Jorge Gerdau?
A resposta elementar é: duas jogadas. Primeiro, passar a
imagem internacional de que está cumprindo seu dever de ofício - evitando
futuras dores de cabeça com a Securities and Exchange Commission, a fiscal do
mercado de ações norte-americano. Segundo, programar mais um caso que terminará
com aquela punição de araque, para impedir ou enfraquecer futuras ações
judiciais.
A malandragem técnica consiste em "condenar" os
conselheiros, em termos de ajustamento de conduta, a pagarem multas (que serão
pagas por alguma seguradora). Com tal punição, prometendo nunca mais repetir a
falha, eles ficam "perdoados". Em tese, ganham um "perdão"
antecipado em eventuais processos judiciais movidos por investidores.
Na Edição de 5 de novembro de 2015, o Alerta Total antecipou
que a CVM brasileira seria alvo de ações de investidores na SEC dos EUA. A CVM
será denunciada na SEC por vários "pecados capitais". O principal
deles serão as falhas de omissão ou inação nas fiscalizações de empresas
economia mista (vulgo: estatais), por ignorar reclamações documentadas por
investidores, inclusive em assembleias de acionistas.
Os denunciantes pretendem usar uma decisão da própria CVM no
Processo Administrativo Sancionador 11/2012, para comprovar que a autarquia
nunca responsabiliza a União por evidente abuso de poder de controle. Tal
inação lança a suspeita de influência política na decisão, já que os
conselheiros da CVM são nomeados pelo Ministério da Fazenda (da própria União).
A CVM também será denunciada na SEC pelo crime de excesso de
exação, típico de servidor público, que atua e autua de forma abusiva um
cidadão investigado ou multado. Investidores reclamam que a CVM tem agido sem
imparcialidade e isenção previstas na Lei 9.784/99 - que regula o processo
administrativo no âmbito da administração pública federal (regra tão elementar
que costuma ser tema frequente de provas de concursos públicos).
Investidores apresentarão à SEC norte-americana uma prova
concreta de que a CVM brasileira não afronta o governo. Ocorreu em abril de 2014.
Acionista controladora da Eletrobras, a União fez uma indecorosa proposta à
Comissão de Valores Mobiliários para compensar a condenação em um processo
sancionador que gerou alto prejuízo ao setor elétrico. Como
"compensação", ou talvez como piada, a penalidade estipulada foi o
obrigar o então ministro da Fazenda, Guido Mantega, a proferir palestra em um
evento para educar o mercado de capitais contra práticas de conflito de
interesses.
Releia a postagem original: Investidores internacionais vão
denunciar à SEC dos EUA lista de "pecados capitais" da CVM brasileira
No mercado, a aposta alta é que a CVM (autarquia do
Ministério da Fazenda) botou no forninho mais uma pizza. O medinho da SEC falou
mais alto? Tudo indica que sim. No entanto, fica evidente a gritante manobra
para salvar a pele dos conselheiros, facilitando a vida dos bem pagos advogados
deles nas futuras ações judiciais movidas aqui no Brasil e lá fora.
Também fica no ar uma perguntinha idiota: por que Dilma
Rousseff, que foi "presidente" do Conselho da Petrobras na época em
que ocorreram os principais crimes denunciados na Operação Lava Jato, nunca foi
responsabilizada pela CVM?
Quem conseguir responder direitinho ganha, da SEC (em
parceria com a Academia de Hollywood) um Oscar de Efeitos Especiais...
Enquanto isso, Dilma segue pedalando... Uns 12 Km por dia em
uma bicicleta de verdade... E muitos bilhões de reais em "bicicletadas
fiscais" ou afins...
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