Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Os Generais brasileiros, da ativa
e na reserva, deram gargalhadas, mas levaram muito a sério, o recado dado pelo
presidente da Bolívia, Evo Morales, um dos mais radicais membros do Foro de São
Paulo: "Não vamos permitir golpes de Estado no Brasil e nem na América
Latina. Vamos defender as democracias e se precisar vamos atacar com nossas
forças armadas. Pessoalmente, nossa conduta irá defender Dilma, presidente do
Brasil, e o Partido dos Trabalhadores".
Morales deu seu recado direto aos
militares brasileiros na Escola Militar em Cochabamba, lembrando o 44º
aniversário do golpe militar de 1971, que colocou no poder o coronel Hugo
Banzer. Morales recordou que o golpe boliviano teve o apoio dos militares do
Brasil e da Argentina, com todo o respaldo do Pentágono dos EUA. Agora, Morales
passou o recibo de que pressente um clima para a queda de Dilma Rousseff. Na
visão dele, seriam os generais que dariam mais um "golpe" - termo
genérico que a esquerda prefere usar para tomadas de poder no estilo de 1964.
Caro cocalero do Foro de San
Pablo: uma ação igual àquela, na qual um Marechal ocupou a Presidência da
República, que ficou vaga pela fuga de João Goulart, dificilmente vai se
repetir. Primeiro, porque não temos mais Marechais. Segundo, porque os
militares brasileiros tomaram verdadeira ojeriza por ocupar uma Presidência da
República, depois que o General Figueiredo deixou o Palácio do Planalto pela
garagem, para não empossar José Sarney, naquele golpe (este sim) dado pelo
General Leônidas, co-fundador da Nova República (que já nasceu esclerosada).
Terceiro, porque ainda não existe clima, nem pré-condições históricas
concretas, para tomadas do poder, pela força, no Brasil.
No entanto, Morales e qualquer
idiota enxerga que o cenário político junca foi tão conturbado no Brasil -
também assolado por uma crise econômica estrutural nunca antes vista. Nosso
modelo esgotou-se. A Presidenta perdeu a credibilidade para governar. O partido
dela e sua base aliada desmoralizaram a honradez promovendo a corrupção
sistêmica contra a coisa pública. A sujeira aflora no noticiário, e geram
descontentamento nas ruas e muita revolta nas redes sociais. Os integrantes da
cúpula dos três poderes batem cabeça. Brigam entre si, na chamada "Guerra
do Fim dos Imundos". As pessoas comuns não confiam nos tais
"poderosos". Pior ainda, estão de saco cheio dos parasitas de um
Estado campeão em se servir da sociedade - e não de servir a ela.
Vale repetir por 13 x 13: a
guerra do fim dos imundos ainda vai jogar muita sujeira para dentro ou para fora
do poluído ambiente da politicagem brasileira. Tudo se encaminha para um
agravamento do impasse institucional que tem tudo para redundar em ruptura.
Neste instante, a única salvação possível será uma Intervenção Constitucional.
Só o poder instituinte da sociedade brasileira tem condições de consertar tanta
coisa errada que a falida estrutura capimunista brasileira ajudou a produzir ao
longo da História. As Forças Patrióticas vão agir na hora certa.
Do ponto de vista da
constitucionalidade e da legitimidade, tal processo não será um
"golpe". Militares não sentarão no trono da Dilma. Mas, agora, já
receberam o comunicado oficial de que terão de lutar contra o exército do Evo
Morales e contra os guerrilheiros do Foro de São Paulo, estruturados nos bem
armados "exércitos do Stedile" (já invocados pelo Genérico
$talinácio) ou na "pegada de armas" (pregada pelo irresponsável
presidente da Central Única dos Trabalhadores). Uma coisa é certa: os
comandantes militares do Brasil gostaram nada da bravata do índio cacalero
boliviano - que é um dos porta-vozes do autoritarismo bolivariano na América
Latina. Morales conseguiu deixar a Onça Pintada, oficialmente, de prontidão...
Existe, sim, um clima de golpe
concreto no Brasil. Tal golpe é claramente tramado pela classe política
corrupta. Seu objetivo golpista é manter o regime da Nova República, a todo e
qualquer custo, no poder. O plano imediato deles é, se Dilma tiver mesmo de ser
substituída, que seja por alguém da confiança deles. A situação se complicou
porque Michel Temer, Eduardo Cunha e Renan Calheiros - sucessores naturais em
casos emergenciais - são cabras marcados para acerto de contas com o
judiciário. Além disso, o respaldo popular deles beira a zero. Dos três, Cunha
seria o menos impopular, mas só porque tem batido em cachorro morto, para
delírio das massas romanas de Bruzundanga.
Por causa de tanto desgaste de
imagem dos principais chefes políticos, a intenção golpista é entronizar um
preposto no trono dela. O carcomido poder que escraviza os brasileiros tem
vários personagens para ocupar um eventual governo de transição. Certamente, o
mais perigoso deles se chama Nelson Jobim. O personagem que já ocupou,
milagrosamente, todas as casacas da República (menos a presidencial), age, como
nunca, nos bastidores, costurando uma aliança de salvação com tucanos,
peemedebistas e alguns petistas. Todos correm contra o tempo, e o desgaste
violento imposto pela crise estrutural - que combina o pior na politicagem, na
economia quebrada e na falta de moral republicana.
O clima anda tão canalha, mas tão
canalha, que a temporada de traições produz ironias imperdoáveis. Imagina qual
foi o sentimento de José Dirceu, na cadeia, sabendo que sindicalistas da Força
Sindical lhe roubaram o título de "Guerreiro do Povo Brasileiro",
usando a expressão para saudar Eduardo Cunha? Imagina qual o sentimento do Zé
(Rico e Milionário, porém preso) ao receber mensagens de interlocutores do
velho amigo e companheiro Lula, pedindo para ele se desfiliar do Partido dos
Trabalhadores que ele também ajudou a fundar (e agora, também, a afundar)?
Imagina se a comissão de ética ou o diretório nacional, com pena do antigo
"herói", resolver não expulsá-lo da legenda - como deseja Lula?
Haja imaginação... Porque a
batalha de todos contra todos, com rigores de sem-vergonhice e muita traição,
que pode representar a "guerra do fim dos imundos" no Brasil, só vai
chegar ao fim se ocorrer um processo de Intervenção Constitucional. Será inútil
e prejudicial à Nação qualquer outra pretensa solução pela via da politicagem
ou do conchavo milionário. O único jeito, no Brasil, é proclamar de fato a
República. Porque a única coisa concreta, criada em 15 de novembro, foi a
fundação do clube que gerou a tal "Nação Rubro-Negra" (uma entidade
autogovernável, meio anarquista, que serve para torcer pelo Flamengo, até
morrer).
A nossa República, de fato, ainda
não foi proclamada. Precisa ser! O quanto antes! Chega de canalhas no poder
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