Natuza Nery e Mario Cesar
Carvalho
Transcrito do Tribuna da Internet
( 02/maio / 2015)
Principal estrela do marketing
político brasileiro, o jornalista João Santana virou alvo de um inquérito da
Polícia Federal que apura a suspeita de que duas empresas dele trouxeram de
Angola para o Brasil US$ 16 milhões em 2012 numa operação de lavagem de dinheiro
para beneficiar o Partido dos Trabalhadores.
O valor equivale a cerca de R$ 33
milhões, de acordo com o câmbio da época. Naquele ano, Santana, 62, trabalhou
em duas campanhas vitoriosas, a do prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT),
e a do presidente de Angola, José Eduardo dos Santos.
Uma das suspeitas dos policiais é
que os recursos de Angola tenham sido pagos ao marqueteiro por empreiteiras
brasileiras que atuam no país africano. Segundo essa hipótese, seria uma forma
indireta de o PT quitar débitos que tinha com o marqueteiro.
CAMPANHA DE HADDAD
Santana ganhou R$ 36 milhões pela
campanha de Haddad, em valores corrigidos pela inflação, mas ele só recebeu a
maior parte do dinheiro depois da eleição.
A campanha acabou com uma dívida
de R$ 20 milhões com a empresa de Santana. O débito foi transferido para a
direção nacional do PT, que negociou um parcelamento da dívida com o
marqueteiro: o valor foi pago em 20 parcelas mensais de R$ 1 milhão.
Santana nega que tenha praticado
irregularidade e diz que a suspeita de operação de lavagem de dinheiro para o
PT não tem sentido. “Trata-se de uma operação legal e totalmente transparente”,
disse à Folha.
Ele elegeu o ex-presidente Lula
em 2006 e Dilma Rousseff nas últimas duas disputas presidenciais.
HADDAD JÁ FOI OUVIDO
A assessoria de imprensa do
prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), confirma que ele prestou
esclarecimentos à Polícia Federal na última quarta (29) e que os valores pagos
à Pólis, empresa do marqueteiro João Santana, por seu comitê financeiro foram
compatíveis com outras campanhas à época.
A equipe do prefeito diz que os
serviços prestados foram executados, medidos e devidamente pagos pela campanha,
conforme determina a lei eleitoral. A empresa de João Santana atuou no primeiro
e no segundo turno da eleição para a prefeitura paulistana.
A nota afirma que, “pelo
noticiário da imprensa, a Pólis fez cinco campanhas em quatro países, em 2012″,
sendo “impossível ter conhecimento da movimentação da empresa no exterior”.
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