domingo, 27 de setembro de 2015

FHC COMPARA DILMA AO DOUTOR FAUSTO E CONDENA A REFORMA

Postado em  27 de  setembro de  2015 na    Tribuna da Internet       
Por Pedro do Coutto
Enquanto a presidente Dilma Rousseff não conseguia consenso no PMDB na escolha de nomes do partido para integrar o governo (reportagem de Júnia Gama, Simone Iglésias  Washington Luiz, em O Globo), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso numa entrevista a Ricardo Balthazar, Folha de São Paulo, comparou-a ao Doutor Fausto, personagem central da Peça de Christopher Marlowe, encenada por volta de 1590, e baseada em contos esparsos alemães sobre mistérios de ciências ocultas. Wolfgang Goethe viria a reescrever a história em 1794. Doutor Fausto, na obra original, vendeu sua alma ao diabo em troca de uma juventude eterna. As duas partes descumprem o pacto.
Fernando Henrique recorreu à literatura e à arte (Fausto virou também uma ópera) para dizer a Ricardo Balthazar que Dilma tentava um compromisso com o demônio para salvar seu governo. Mefistófeles, no caso, seria o PMDB. Por isso, ele sustentou não acreditar no resultado positivo da negociação, pois o problema, disse com razão, não se encontra somente na esfera partidária, mas sim com uma atuação eficiente do Poder Executivo com reflexo direto na população. Oferecer posições ao PMDB, isoladamente, não resolve.
Tampouco o impeachment, em relação ao qual formulou sérias reservas. “Os que desejam o impedimento não construíram até agora uma narrativa convincente. Não só para o Congresso, mas – acrescentou – para o povo”.
CONTAS PÚBLICAS
Se não houver perspectiva de reorganização das contas públicas, não tem solução. O problema é a angústia do tempo. FHC, em certo trecho da entrevista, afirmou que o caminho seria Dilma Rousseff comprometer-se a renunciar dentro de um ano. “Mas – frisou – seria uma utopia”, reconheceu.
Utopia. FHC tem razão. Colocou bem o tema de forma geral e, se a entrevista à FSP fosse um dia depois, como prova de falta de orientação, poderia citar a escolha inicial do deputado Manoel Júnior para o Ministério da Saúde pelo líder da bancada do PMDB, Leonardo Picciani. Manoel Júnior há pouco mais de um mês sugeriu que a presidente da República renunciasse. Como poderia, assim, vir a ser indicado para o posto?
Erro triplo: de Leonardo Piciani, do próprio parlamentar que se considerou apto, e, acima de tudo, da própria presidente Dilma que não conseguiu informações prévias a respeito da sugestão e do sugerido. Onde estava sua assessoria? Onde se encontrava sua equipe no Palácio do Planalto? São perguntas obrigatórias sobretudo no meio da tempestade.
MORO NÃO CAI NA ARMADILHA
Em São Paulo, quinta-feira, em almoço com empresários promovido pelo grupo Lide, o juiz Sérgio Moro evitou qualquer pronunciamento a respeito da decisão do Supremo tribunal Federal que pode funcionar para dividir, pelo menos uma parte das investigações da Operação Lava-Jato. Revelou serenidade e firmeza que se refletem na certeza de que está correto em sua atuação. O Globo publicou esta matéria também na edição de sexta-feira.
Assim agindo, deixou evidente que não está disposto a, pela emoção, deixar-se cair numa armadilha. Não se irritou. Sua resposta ao STF foi feita através de seu comentário sobre a lentidão da Justiça. Tal lentidão é um fato, caminho para tornar inócuos muitos julgamentos e, com isso, absolver culpados pelo passar do tempo.


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