sexta-feira, 4 de setembro de 2015

LAMENTO À BANDEIRA

Adilson Norival Teixeira


Bandeira do Brasil símbolo sagrado de um passado de glorias mil, representas a coragem de seus filhos que defenderam nossas terras e nosso povo de ataques infame. Simbolizas  os negros, índios e brancos que unidos sob o comando dos lideres dos terços venceram os invasores na Batalha de Guararapes. Se no Batalhão dos Voluntários do Príncipe D. Pedro o soldado Medeiros não tenha vislumbrado sua imagem, retratas  a esperança de vitorias de todas as Marias Quitérias de hoje. Se não foste a guia e inspiração de nossos soldados na Guerra do Paraguai, se os que tombaram pela defesa da pátria não a carregavam, se o Duque de Caxias ao apontar o sabre em direção aos inimigos não pode falar em seu nome, mesmo assim vemos todos em sua imagem. Acompanhaste nossos pracinhas na campanha da FEB para manter viva a lembrança da terra, da família e dos que ficaram para trás, foste o alento, a esperança e a justificativa para a luta. Sempre que foste hasteada por méritos de nossos atletas, lembrou aos vencedores que estamos todos juntos e a sua nobre presença nos deu o direito e a honra de compartilharmos as vitórias. É o momento da emoção e do orgulho de ser brasileiro. Querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil, as coisas mudaram, não há motivos para sentimentos de satisfação e de elevada dignidade, sua  presença significa tudo e todos e o sentimento que aflora não é o da emoção patriótica e sim a melancolia que brota da tragédia social. Se enxergarmos o passado vitorioso e honrado, percebemos também o momento atual onde a desordem avança como uma onda destruindo nossas crenças, nosso brio e enfraquecendo nossa nação, provocando um retrocesso, um retardamento difícil de recuperar. Enquanto ondulas ao sabor do vento exibindo o lema de ordem e progresso como se fosse uma semente a ser carregada para frutificar em todos os quadrantes vivemos outra realidade sob as forças maléficas da desordem e suas consequências. Há muita diferença entre o soldado que tomba no campo de batalha e uma pessoa que morre por uma bala perdida. Na batalha a morte é honrosa, já a bala perdida mata um brasileiro  e debilita o Estado. É inaceitável viver onde se pode perder a vida por um celular, morrer por um par de tênis, onde temos que transformar nossa casa em trincheira, fazer campana para sair ou entrar em casa, dar voltas no quarteirão antes de aproximar da garagem, ser morto em saidinha de banco e saber que os bandidos  apenas fazem em seu nível e condição o que aprenderam com a maioria dos governantes. E a policia?  A policia sendo nossa instituição de segurança está debilitada, seus membros viraram caça. Os policiais militares são constrangidos a agir furtivamente  em suas comunidades. A farda em que antes rebrilhava a glória não pode secar no varal. Esse quadro geral tem um nome, ultraje. Ó Bandeira do Brasil, representas tudo isso. Cantamos que “se a pátria amada for um dia ultrajada lutaremos sem temor” e me pergunto se o hino é apenas uma musica com o mesmo efeito feliz de cantar “ciranda cirandinha vamos todos cirandar”, ou será que é preciso desestabilizar mais ainda para ser considerado um ultraje? “Já podeis, da Pátria filhos, Ver contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil. Brava gente brasileira!  Longe vá... temor servil: Ou ficar a pátria livre Ou morrer pelo Brasil”  A liberdade raiou e foi engolida pelo crepúsculo e a alvorada se fez com a libertinagem. Brava gente brasileira aguarde em prontidão que alguém há de perder o temor servil e muitos poderão morrer pelo Brasil mas muitos mais deixarão de morrer por causa do Brasil.  Bandeira amada, se do alto de sua posição testemunhas tudo deves saber muito mais, porem asseguro que aqui no rés do chão se esvai o amor à pátria e não é ingratidão de filho e sim a solitária busca de sobrevivência. Nossa pátria é abençoada pela natureza e somos gratos mas é preciso lembrar a carência de comando, enquanto o caos predomina, o sabre descansa na bainha. Precisamos no mínimo de um novo corneteiro. O último tocou “olhar à esquerda”, “esquerda volver” e “à vontade”. Não é pedir muito, há de aparecer um corneteiro que toque “cessar à vontade”, “acelerado”, “em continência à bandeira” e “direita volver”. Também não peço muito, ó Bandeira, mas preciso sentir de novo emoção ao ouvir o Hino Nacional e poder cantar com convicção na sua presença e se meus olhos se encherem de lágrimas serão por orgulho e não por tristeza.

Nenhum comentário:

Postar um comentário