Adilson
Norival Teixeira
Bandeira do Brasil símbolo sagrado de um passado de glorias mil,
representas a coragem de seus filhos que defenderam nossas terras e nosso povo
de ataques infame. Simbolizas os negros,
índios e brancos que unidos sob o comando dos lideres dos terços venceram os
invasores na Batalha de Guararapes. Se no Batalhão dos Voluntários do Príncipe
D. Pedro o soldado Medeiros não tenha vislumbrado sua imagem, retratas a esperança de vitorias de todas as Marias Quitérias
de hoje. Se não foste a guia e inspiração de nossos soldados na Guerra do
Paraguai, se os que tombaram pela defesa da pátria não a carregavam, se o Duque
de Caxias ao apontar o sabre em direção aos inimigos não pode falar em seu
nome, mesmo assim vemos todos em sua imagem. Acompanhaste nossos pracinhas na
campanha da FEB para manter viva a lembrança da terra, da família e dos que
ficaram para trás, foste o alento, a esperança e a justificativa para a luta.
Sempre que foste hasteada por méritos de nossos atletas, lembrou aos vencedores
que estamos todos juntos e a sua nobre presença nos deu o direito e a honra de
compartilharmos as vitórias. É o momento da emoção e do orgulho de ser
brasileiro. Querido símbolo da terra, da amada terra do Brasil, as coisas
mudaram, não há motivos para sentimentos de satisfação e de elevada dignidade,
sua presença significa tudo e todos e o
sentimento que aflora não é o da emoção patriótica e sim a melancolia que brota
da tragédia social. Se enxergarmos o passado vitorioso e honrado, percebemos
também o momento atual onde a desordem avança como uma onda destruindo nossas
crenças, nosso brio e enfraquecendo nossa nação, provocando um retrocesso, um
retardamento difícil de recuperar. Enquanto ondulas ao sabor do vento exibindo
o lema de ordem e progresso como se fosse uma semente a ser carregada para
frutificar em todos os quadrantes vivemos outra realidade sob as forças
maléficas da desordem e suas consequências. Há muita diferença entre o soldado
que tomba no campo de batalha e uma pessoa que morre por uma bala perdida. Na
batalha a morte é honrosa, já a bala perdida mata um brasileiro e debilita o Estado. É inaceitável viver onde
se pode perder a vida por um celular, morrer por um par de tênis, onde temos
que transformar nossa casa em trincheira, fazer campana para sair ou entrar em
casa, dar voltas no quarteirão antes de aproximar da garagem, ser morto em
saidinha de banco e saber que os bandidos apenas fazem em seu nível e condição o que
aprenderam com a maioria dos governantes. E a policia? A policia sendo nossa instituição de segurança
está debilitada, seus membros viraram caça. Os policiais militares são
constrangidos a agir furtivamente em
suas comunidades. A farda em que antes rebrilhava a glória não pode secar no
varal. Esse quadro geral tem um nome, ultraje. Ó Bandeira do Brasil, representas tudo isso. Cantamos
que “se a pátria amada for um dia ultrajada lutaremos sem temor” e me pergunto
se o hino é apenas uma musica com o mesmo efeito feliz de cantar “ciranda
cirandinha vamos todos cirandar”, ou será que é preciso desestabilizar mais
ainda para ser considerado um ultraje? “Já podeis, da Pátria filhos, Ver
contente a mãe gentil; Já raiou a liberdade No horizonte do Brasil. Brava gente
brasileira! Longe vá... temor servil: Ou
ficar a pátria livre Ou morrer pelo Brasil” A liberdade raiou e foi engolida pelo
crepúsculo e a alvorada se fez com a libertinagem. Brava gente brasileira
aguarde em prontidão que alguém há de perder o temor servil e muitos poderão
morrer pelo Brasil mas muitos mais deixarão de morrer por causa do Brasil. Bandeira amada, se do alto de sua posição
testemunhas tudo deves saber muito mais, porem asseguro que aqui no rés do chão
se esvai o amor à pátria e não é ingratidão de filho e sim a solitária busca de
sobrevivência. Nossa pátria é abençoada pela natureza e somos gratos mas é
preciso lembrar a carência de comando, enquanto o caos predomina, o sabre
descansa na bainha. Precisamos no mínimo de um novo corneteiro. O último tocou
“olhar à esquerda”, “esquerda volver” e “à vontade”. Não é pedir muito, há de
aparecer um corneteiro que toque “cessar à vontade”, “acelerado”, “em
continência à bandeira” e “direita volver”. Também não peço muito, ó Bandeira,
mas preciso sentir de novo emoção ao ouvir o Hino Nacional e poder cantar com
convicção na sua presença e se meus olhos se encherem de lágrimas serão por
orgulho e não por tristeza.
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