segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

A IGNORÂNCIA DO CONSENTIMENTO

METAPOLÍTICA/ Psico politica Aplicada
22/01/2016
Por Alex  Montenegro  (*)

Um número pequeno de indivíduos utilizam o governo como instrumento particular, tomando iniciativas que não seriam consentidas pelos eleitores. Pouco ou nada podemos fazer como cidadãos. Os que nos governam estão distantes em seus castelos rodeados de fossos onde pululam piranhas e jacarés amestrados. Rodeados de câmeras e de exércitos. Blindados. Imunes.
 Rodeando o fosso, diversos currais ideológicos com seus líderes, que mobilizam seguidores, ora para pegar tanajuras como galinhas enlouquecidas, ora para tapar buracos na cerca que separa o próprio curral das crenças do vizinho, que podem ser mais atraentes e contaminar pensamentos adestrados com mentiras desde a mais tenra idade. Todos ávidos para ultrapassar o fosso e ascender aos postos do poder.
 Para ilustrar a metáfora, chega o  Coronel Lawrence Wilkerson, que foi chefe de gabinete de Colin Powell, (secretário de Estado norte-americano, servindo a George Bush até 2005 e mais tarde entusiasta apoiador de Obama), chega o Coronel Lawrence, criticando o stablishement, afirmando  que a linha política norte americana é estabelecida por cerca de 0,001% da população:
 –” São os oligarcas que chefiam todos os processos nos bastidores…
Cerca de 400 pessoas trilionárias, cujas fortunas ultrapassam a casa dos 15 zeros. Esta distribuição de riqueza no país é indecente, ofensiva. A desigualdade é enorme.”
E por aqui é diferente? Ou o resultado do trabalho se concentra cada vez mais nas mãos dos amigos do rei? O abismo que separa os pobres e desempregados, dos políticos e seus sócios, é cada vez maior. O site Political Blindspot 49.7 milhões de estadunidenses vivem abaixo da linha da pobreza e 80% vivem próximos desta linha, acima ou abaixo, dependendo dos programas assistenciais do governo. Temos algo parecido em menor escala?
 No Brasil além dos quase 10 milhões de desempregados temos a notícia oficial de que 3.7 milhões já foram rebaixados da “classe B”, para a “C”. Diderot disse que “A natureza não criou mestres nem escravos” e que não queria ditar leis nem viver sob o jugo das leis, que hoje no nosso país impedem a gente de exercer direitos fundamentais, liberdade para trabalhar e criar os filhos sem que o Estado nos tire compulsoriamente o máximo, deixando-nos “na linha da pobreza” material e mental.
De notícia em notícia, quem busca verdades sobre a condição humana encontra governantes ladrões e outros multi milionários, mas quando o Credit Suisse revela que 1% da população mundial concentra metade de toda a riqueza do planeta, o queixo cai. Mais ainda quando a gente sabe que tais fortunas são decorrentes de aplicações em bolsas de valores e lavagem de dinheiro do comércio de drogas e armas. 
Porque, quem trabalha e enfrenta as leis que depenam empresas produtivas, agrárias ou industriais sediadas em países como o nosso, raramente chega a tais níveis, exceto quando na condição de ditador como Castro. O fato é que fica bem difícil justificar a concentração de poder econômico em que uns poucos controlam a quase totalidade da economia global. 
Os que suam para manter esta fábrica de badulaques inúteis, modismos, comida enlatada e produzida com produtos químicos, os que atuam como escravos nestes campos, – para alimentar o sistema totalitário  desta ideologia mercantilista e seu sistema financeiro, que subjugam todas as nações ditas “democráticas” ou “socialistas” ou sei lá o quê – nada ficam sabendo dos acordos além do fosso dos jacarés e piranhas.
Estamos submetidos a uma natureza demoníaca que parece inalcançável para o entendimento humano. Um poder que despreza as normas morais, que ignora a ética e o respeito devido a todas as formas de vida. As estruturas que conduzem aos estágios superiores de civilização são sistematicamente destruídas por este poder que massacra o homem de bem. Um poder que perdura devido à inconsciência mantida pela propaganda e pela ignorância do consentimento.
(*) Escritor e Cientista Político, "Latu Sensu".

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