Artigo Transcrito da TRIBUNA DA INTERNET- (08-03-2015)
Percival Puggina
Desde os tempos de Getúlio Vargas
nada produz melhor dividendo político do que rotular-se defensor dos pobres. É
um discurso que agrada pobres e ricos. Tanto isso é verdade que o PT, em seus
anos de credibilidade, enquanto distante das decisões administrativas e dos
recursos públicos, era o partido campeão de votos nos bairros mais
aristocráticos de Porto Alegre.
Lula, no entanto, precisa dizer o
contrário. Ele e seu partido, não se contentam com propagandear o zelo pelos
mais necessitados. Eles precisam, também, repetir à exaustão que os ricos ficam
contrariados com isso. Falam, Lula e os seus, como se rico fosse idiota e não
soubesse, na experiência própria e na internacional, que nada ajuda mais a
prosperidade dos ricos do que a prosperidade de todos. É mais riqueza gerada,
mais PIB, mais mercado, mais consumo, maior competitividade. Pobreza é atraso e
culto à pobreza deveria ser catalogado como conduta antissocial.
A sedução produzida pelo discurso
em favor dos pobres se abastece das próprias palavras. Fala-se no Brasil de uma
estranha ascensão social em que o número de dependentes do socorro direto do
governo aumenta indefinidamente através das décadas. O bolsa-família é um campo
de concentração de ingresso voluntário, onde quem entra não sai nem que a vaca
tussa. E o seguro-desemprego tornou-se o amigo número um da rotatividade no
emprego, desestimulando a permanência no trabalho remunerado. Enquanto isso, o
sistema educacional das classes favorecidas no discurso e desfavorecidas nas
ações de governo continua reproduzindo a miséria nas salas de aula que o Brasil
destina às suas populações carentes.
MAIOR DO MUNDO…
Enquanto isso, em dez anos de
governo dos que supostamente privilegiam a pobreza, o número de bilionários
brasileiros pulou de seis para 63, regredindo para 54 com as marolinhas do ano
passado. Nenhum crescimento semelhante ocorreu, no mundo, durante esse período.
E aí, amigos, dêem-se vivas não a um desenvolvimento harmônico da sociedade,
mas ao BNDES e seus juros de pai para filho, subsidiados com o suor do nosso
rosto.
De 2009 para cá, o banco passou a
esguichar dinheiro grosso para a zelite das empresas nacionais. Só do Tesouro
Nacional, R$ 360 bilhões foram repassados ao banco para acelerar o
desenvolvimento de empresas amigas do governo, muitas das quais com
credibilidade semelhante à do próprio governo. Não vou falar dos financiamentos
negociados através do itinerante ex-presidente Lula em suas agendas comerciais
com ditadores latino-americanos e africanos, porque essa é uma outra história.
Bilhões foram pelo ralo das
análises mal feitas e dos negócios mal explicados. Há um clamor nacional pela
CPI do BNDES. O governo que diz zelar pelos pobres (mas que precisa deles em
sua pobreza) destinou muito mais recursos aos bilionários (porque precisa deles
em sua riqueza). Afinal, ninguém tira centenas de milhões de reais do próprio
bolso para custear campanhas eleitorais. Esse é o tipo de coisa que só se faz
com o dinheiro alheio, vale dizer, com o nosso próprio dinheiro, devidamente
levado pelo fisco e, depois, lavado pelo governo nas lavanderias dos negócios
públicos.
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