Artigo de CARLOS CHAGAS – Editado
na TRIBUNA DA IMPRENSA ONLINE
Apesar das férias nos tribunais
superiores, este mês, dirigentes do PT já iniciaram sondagens junto ao Tribunal
Superior Eleitoral para saber se a ex-ministra e senadora Marta Suplicy tem
direito a mudar de partido. Porque a lei é clara: só não perde o mandato o
fujão que vier a se inscrever num partido em formação ou que consiga provar
estar sendo perseguido e prejudicado em sua legenda. Como o PT não tomou uma só
inciativa contra Marta, ao tempo em que ela formulou duríssimas críticas a seus
líderes, poupando apenas o ex-presidente Lula, vai ficando clara a estratégia
dos companheiros: se a senadora bandear-se para outro partido, visando na
verdade obter registro de candidata à prefeitura de São Paulo, ano que vem, os
companheiros buscarão obter no TSE sentença capaz de cassar-lhe o mandato.
Será a vingança do PT diante da
descontrolada Marta, que por razões de presunção e egoísmo não se conformaria
com a candidatura de Fernando Haddad à reeleição, hipótese mais do que certa
nos arraiais petistas. Imaginando dispor de cadeira cativa de candidata à
prefeitura paulistana, apesar de duas derrotas inequívocas, e confiando numa
popularidade que perdeu faz muito, a ex-ministra estaria preparando seu
desembarque do partido que ajudou a fundar. Mas só tem uma alternativa: provar
que vem sendo perseguida e maltratada pelos companheiros. Estes, no entanto,
adotam a estratégia de não revidar suas diatribes e aleivosias, buscando
demonstrar à Justiça Eleitoral a inviabilidade do hipotético pedido de
desligamento da senadora. Hipotético porque ela mesmo tem dúvidas sobre a perda
de seu mandato. Mesmo assim, no PT Marta não tem futuro. Primeiro porque a vez
é do atual prefeito pleitear a reeleição, depois porque os termos de sua
entrevista ao Estado de S. Paulo foram considerados profundamente grosseiros,
começando pela afirmação de que o PT “ou muda ou acaba”. Depois, por partir
para a intriga, sustentando que Aloysio Mercadante é mentiroso e vem traindo o
Lula, “que não manda mais nada no partido”, chamando depois o presidente Rui
Falcão de traidor. Isso para não falar de seus conceitos sobre a presidente
Dilma Rousseff, “cuja política econômica fracassou” e que “não deixa sua equipe
trabalhar”.
Em suma, a ex-ministra do Turismo
parece haver caído na armadilha que ela mesmo montou, ainda que se deva
aguardar o desdobramento da crise. Haddad pode ficar pior do que já está, o
Lula pode vir a afastar-se ainda mais de Dilma e o Tribunal Superior Eleitoral
poderá considerar que Marta vem sendo perseguida, mesmo se for por suas
próprias ilusões e sua empáfia ilimitada…
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