quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

CONFLITO E CONTRADIÇÃO SOBRE O APAGÃO. IMPRUDÊNCIA, BLASFÊMIA E HERESIA DO MINISTRO.POR ENQUANTO, EDUARDO CUNHA EM QUEDA MAS NA FRENTE.

HELIO FERNANDES - Via blog do autor -  22/01/2015 (Tribuna da Imprensa online)

Depois do escândalo da Petrobras, que está longe de sair das manchetes, nenhum caso teve tanta repercussão como o apagão de segunda feira. E não só o racionamento, mas as divergências dos três grupos de autoridades (?) que controlam e deviam impedir e agora explicar o que aconteceu.
Esses três grupos, que se sobrepõem e se hostilizam. O Ministério de Minas e Energia. A ONS, que opera o circuito elétrico. E a Aneel, que comanda tudo, nem o Ministro está acima desse órgão. Vejamos como reagiram.
O Ministro de Minas e Energia, sem credencial ou passado no setor, foi o mais prolixo. Mas tudo o que disse, poderia ir pro lixo. Audaciosamente e sem provas, apontou “falhas técnicas e humanas”. A primeira: “Os equipamentos não foram utilizados devidamente”. A segunda: “Leram equivocadamente as condições do sistema, foi um erro grosseiro”.
Foi o primeiro a culpar o ar condicionado e o forte calor, como responsável por tudo. Também saiu na frente, ao hostilizar o “pico” da demanda, que para ele é e continuará sendo ás 3 da tarde. Acrescentou: “No passado o pico era ás sete da noite do verão, por causa da obsessão do banho com chuveiro elétrico”.
Mais memória ou brincadeira do Ministro: “Se tiver acontecido de madrugada, não teria havido apagão algum”. O Ministro não foi claro, mas ficou visível: ele considera que pela madrugada o ar condicionado não está ligado. Ora, com esse verão de mais de 40 graus, o ar condicionado fica ligado o tempo todo.
(Já que Eduardo Braga usou a memória, usemos também. O cineasta Nelson Pereira dos Santos se consagrou com um firme chamado, “Rio 40 graus”. Hoje já foi até 41 quase 42. Naquele tempo também não se media a sensação térmica, hoje medida junto como o termômetro. E essa sensação chegou a 50 graus. Em dezembro foi a 43 em Bangu, Deodoro e Marechal Hermes, a zona mais quente do Rio).
O Ministro foi aos saltos e sobressaltos, sem explicar coisa alguma, Como está valendo tudo e sabe que não será demitido, retumbou: “Não haverá mais racionamento, Deus é brasileiro, nos ajudará”. Isso textual, mesmo sendo imprudência, blasfêmia e heresia.
A ONS,  saiu na frente a falar publicamente, com razões técnicas. Explicou, sem ser desmentida: “A energia que vem do norte e centro-oeste para o sudeste (Rio e São Paulo), teve problemas, a demanda foi maior do que a geração e distribuição de energia”. Pode ser ou não ser, mas mais compreensível do que a invenção do Ministro.
A Aneel veio com a terceira versão, também diferente. A cúpula do órgão explicou: “A demanda foi realmente muito grande. E as usinas nesse caso, desligam automaticamente, o que aconteceu imediatamente com Angra dos Reis. Logo, logo, mais seis dessas usinas saíram do circuito, foi uma perda muito grande, Mas durou 1 hora e 45 minutos, conseguimos restabelecer tudo”.

O ministro e a ONS não concordaram, mas a Aneel tinha dados importantes, não pôde ser desmentida. Entraram em cena especialistas respeitados, que vieram com fatos indiscutíveis e provas verdadeiras. E traduziram a situação, assustadora, e é mesmo, mas ninguém pode desmentir: “Isso aconteceu era previsível. E a DEMANDA é maior do que a GERAÇÃO e a DISTRIBUIÇÃO. Quem irá tomar providencias, urgentes ou urgentíssimas?".
O poder dos banqueiros
Desmentindo a si mesmo, quando disse que não haveria aumento de impostos, o segundo Joaquim elevou a carga para os mais pobres. Que como sempre pagam, a conta. O que fazer?
Na mesma entrevista em que aumentou impostos para os que nem sabem como viver, Joaquim falou: “Os juros bancários foram reduzidos, o crédito ficará mais fácil e mais barato”.
Audácia, coragem, mas pode ser também imprudência. Dona Dilma pode não gostar e chamar Nelson Barbosa para ocupar ao ministério que sempre quis. Não ligando para o que disse Levy (que é alto funcionário do Bradesco), a Febraban anunciou: “Os juros ficarão mais caros a partir de amanhã”. (hoje, quinta, 22). Não se sabe quanto, cada banco cobra uma taxa.
Placar eleitoral
No momento, Eduardo Cunha está em ligeira vantagem sobre o petista Arlindo Chinaglia. A vantagem já foi maior, foi caindo, apesar da campanha “presidencial” do lobista do PMDB.
Se houver avanço do “troca-troca” de Dona Dilma, é possível que a decisão vá para o segundo turno. O problema nem é esse, nenhuma novidade, qualquer que seja o vencedor.
O inacreditável: um homem com as credenciais (?) do lobista do PMDB, assumir a terceira posição na linha da sucessão. O presidente, o vice, e ele, presidente da Câmara.
Os pobres pagam mais impostos de renda
O Congresso aprovou projeto corrigindo a isenção do imposto de renda, em 6,5 por cento. Explicando: quem ganha 1.700, reais, está isento. Com a aprovação do projeto, a isenção passa para 1.860. Não é nada, mas pelo menos recupera a inflação, que foi exatamente de 6,5%.
Dona Dilma vetou, anunciou: "Vou mandar para o Congresso, Medida Provisória corrigindo a isenção em 4,5%, o centro da meta". Ora nos últimos anos esse "centro da meta" tem ficado distante, não cumprem nem o alto da meta, previsto para 6,5%.
Amanhã
Pressionado, o ex-diretor Cerveró, não quer a "delação" premiada. Diz: "Sou inocente, quero depor sobre Pasadena. Sei tudo sobre o que aconteceu".
PS- Ontem quarta-feira, ás 11:30 da noite quase madrugada desta quinta na Austrália, Nadal enfrentou uma batalha difícil e inesperada, para passar a terceira fase. 
PS2- Enfrentando um americano totalmente desconhecido, ia ficando pelo caminho. Para vencer, precisou de 4 horas e 8 minutos e 5 sets, estando sempre em desvantagem. Só venceu no ultimo game do ultimo set. Agora a dificílima recuperação.
PS3- O promotor que fazia tremendas acusações á presidente Kirchner, iria depor no Congresso, e mostrar todas as provas do comprometimento e enriquecimento ilícito dela.
PS4- 23 horas antes do depoimento, apareceu morto no apartamento. Apenas um tiro na cabeça, nenhum sinal de pólvora nas mãos. Kirchner insiste que foi suicídio. Não deixou carta de despedida, usual nesse caso.

PS5- Ele vivia cercado de seguranças, do governo Kirchner. Foram os primeiros a entrarem no apartamento, levaram todas as provas que mostraria ao Congresso. É o grande escândalo da Argentina, terá consequências.

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