HELIO FERNANDES - Via blog do autor - 22/01/2015 (Tribuna da Imprensa online)
Depois do escândalo da Petrobras,
que está longe de sair das manchetes, nenhum caso teve tanta repercussão como o
apagão de segunda feira. E não só o racionamento, mas as divergências dos três
grupos de autoridades (?) que controlam e deviam impedir e agora explicar o que
aconteceu.
Esses três grupos, que se
sobrepõem e se hostilizam. O Ministério de Minas e Energia. A ONS, que opera o
circuito elétrico. E a Aneel, que comanda tudo, nem o Ministro está acima desse
órgão. Vejamos como reagiram.
O Ministro de Minas e Energia,
sem credencial ou passado no setor, foi o mais prolixo. Mas tudo o que disse,
poderia ir pro lixo. Audaciosamente e sem provas, apontou “falhas técnicas e
humanas”. A primeira: “Os equipamentos não foram utilizados devidamente”. A segunda:
“Leram equivocadamente as condições do sistema, foi um erro grosseiro”.
Foi o primeiro a culpar o ar
condicionado e o forte calor, como responsável por tudo. Também saiu na frente,
ao hostilizar o “pico” da demanda, que para ele é e continuará sendo ás 3 da
tarde. Acrescentou: “No passado o pico era ás sete da noite do verão, por causa
da obsessão do banho com chuveiro elétrico”.
Mais memória ou brincadeira do
Ministro: “Se tiver acontecido de madrugada, não teria havido apagão algum”. O
Ministro não foi claro, mas ficou visível: ele considera que pela madrugada o
ar condicionado não está ligado. Ora, com esse verão de mais de 40 graus, o ar
condicionado fica ligado o tempo todo.
(Já que Eduardo Braga usou a
memória, usemos também. O cineasta Nelson Pereira dos Santos se consagrou com
um firme chamado, “Rio 40 graus”. Hoje já foi até 41 quase 42. Naquele tempo
também não se media a sensação térmica, hoje medida junto como o termômetro. E
essa sensação chegou a 50 graus. Em dezembro foi a 43 em Bangu, Deodoro e
Marechal Hermes, a zona mais quente do Rio).
O Ministro foi aos saltos e
sobressaltos, sem explicar coisa alguma, Como está valendo tudo e sabe que não
será demitido, retumbou: “Não haverá mais racionamento, Deus é brasileiro, nos
ajudará”. Isso textual, mesmo sendo imprudência, blasfêmia e heresia.
A ONS, saiu na frente a falar publicamente, com
razões técnicas. Explicou, sem ser desmentida: “A energia que vem do norte e
centro-oeste para o sudeste (Rio e São Paulo), teve problemas, a demanda foi
maior do que a geração e distribuição de energia”. Pode ser ou não ser, mas
mais compreensível do que a invenção do Ministro.
A Aneel veio com a terceira
versão, também diferente. A cúpula do órgão explicou: “A demanda foi realmente
muito grande. E as usinas nesse caso, desligam automaticamente, o que aconteceu
imediatamente com Angra dos Reis. Logo, logo, mais seis dessas usinas saíram do
circuito, foi uma perda muito grande, Mas durou 1 hora e 45 minutos,
conseguimos restabelecer tudo”.
O ministro e a ONS não
concordaram, mas a Aneel tinha dados importantes, não pôde ser desmentida.
Entraram em cena especialistas respeitados, que vieram com fatos indiscutíveis
e provas verdadeiras. E traduziram a situação, assustadora, e é mesmo, mas
ninguém pode desmentir: “Isso aconteceu era previsível. E a DEMANDA é maior do
que a GERAÇÃO e a DISTRIBUIÇÃO. Quem irá tomar providencias, urgentes ou
urgentíssimas?".
O poder dos banqueiros
Desmentindo a si mesmo, quando
disse que não haveria aumento de impostos, o segundo Joaquim elevou a carga
para os mais pobres. Que como sempre pagam, a conta. O que fazer?
Na mesma entrevista em que
aumentou impostos para os que nem sabem como viver, Joaquim falou: “Os juros
bancários foram reduzidos, o crédito ficará mais fácil e mais barato”.
Audácia, coragem, mas pode ser
também imprudência. Dona Dilma pode não gostar e chamar Nelson Barbosa para
ocupar ao ministério que sempre quis. Não ligando para o que disse Levy (que é
alto funcionário do Bradesco), a Febraban anunciou: “Os juros ficarão mais
caros a partir de amanhã”. (hoje, quinta, 22). Não se sabe quanto, cada banco
cobra uma taxa.
Placar eleitoral
No momento, Eduardo Cunha está em
ligeira vantagem sobre o petista Arlindo Chinaglia. A vantagem já foi maior,
foi caindo, apesar da campanha “presidencial” do lobista do PMDB.
Se houver avanço do “troca-troca”
de Dona Dilma, é possível que a decisão vá para o segundo turno. O problema nem
é esse, nenhuma novidade, qualquer que seja o vencedor.
O inacreditável: um homem com as
credenciais (?) do lobista do PMDB, assumir a terceira posição na linha da
sucessão. O presidente, o vice, e ele, presidente da Câmara.
Os pobres pagam mais impostos de renda
O Congresso aprovou projeto
corrigindo a isenção do imposto de renda, em 6,5 por cento. Explicando: quem
ganha 1.700, reais, está isento. Com a aprovação do projeto, a isenção passa
para 1.860. Não é nada, mas pelo menos recupera a inflação, que foi exatamente
de 6,5%.
Dona Dilma vetou, anunciou:
"Vou mandar para o Congresso, Medida Provisória corrigindo a isenção em
4,5%, o centro da meta". Ora nos últimos anos esse "centro da
meta" tem ficado distante, não cumprem nem o alto da meta, previsto para
6,5%.
Amanhã
Pressionado, o ex-diretor
Cerveró, não quer a "delação" premiada. Diz: "Sou inocente,
quero depor sobre Pasadena. Sei tudo sobre o que aconteceu".
PS- Ontem quarta-feira, ás 11:30
da noite quase madrugada desta quinta na Austrália, Nadal enfrentou uma batalha
difícil e inesperada, para passar a terceira fase.
PS2- Enfrentando um americano
totalmente desconhecido, ia ficando pelo caminho. Para vencer, precisou de 4
horas e 8 minutos e 5 sets, estando sempre em desvantagem. Só venceu no ultimo
game do ultimo set. Agora a dificílima recuperação.
PS3- O promotor que fazia
tremendas acusações á presidente Kirchner, iria depor no Congresso, e mostrar
todas as provas do comprometimento e enriquecimento ilícito dela.
PS4- 23 horas antes do
depoimento, apareceu morto no apartamento. Apenas um tiro na cabeça, nenhum
sinal de pólvora nas mãos. Kirchner insiste que foi suicídio. Não deixou carta
de despedida, usual nesse caso.
PS5- Ele vivia cercado de seguranças,
do governo Kirchner. Foram os primeiros a entrarem no apartamento, levaram
todas as provas que mostraria ao Congresso. É o grande escândalo da Argentina,
terá consequências.