A INTENTONA COMUNISTA - Gen. Bda Rfm Valmir Fonseca Azevedo Pereira
O levante Comunista de 1935 foi a resultante natural das efervescências ideológicas que haviam sido inoculadas na mente de muitos nacionais, a partir do êxito da revolução comunista na Rússia em 1917. As idéias professadas encontravam eco nas classes desfavorecidas e contavam com o valioso apoio das elites, que se perpetuavam no poder, pouco fazendo em benefício da população. Aquelas idéias, difundidas no Brasil, desde 1908, por meio da Confederação Operária Brasileira, que se destacava pela fomentação das greves de cunho reivindicatório e pela oposição sistemática à Lei do Serviço Militar Obrigatório, atendiam com suas promessas, anseios generalizados. Trabalhadores em geral, estudantes, inclusive parte dos “Tenentistas”, e outros segmentos, agora unidos, não apenas contra o governo de Getúlio, que propugnavam por mudanças radicais, buscando a tomada do poder para a implantação de um novo regime.
A vitória da revolução Comunista
na Rússia empolgou aos comunistas brasileiros, entusiasmados com as possibilidades
de sua disseminação no Brasil. Em consequência, foi criado o Partido Comunista
em 1922, que passa a promover intensa doutrinação marxista. O movimento pró -
soviético orientava - se para o socialismo e aliava - se a outras correntes
esquerdistas e ao Partido Comunista, que preparava a revolução marxista no
Brasil. Para isso, incentivava abertamente o incitamento da população à luta
armada e à subversão da ordem, visando à tomada do poder pela força.
Os constantes distúrbios
provocados pelo Partido Comunista, interessado em subverter a ordem, culminaram
com a decretação de sua ilegalidade pelo Governo de Artur Bernardes, em 1928,
atemorizado com as ações cada vez mais violentas do Partido.
Apesar da clandestinidade, a
atuação do Partido Comunista Brasileiro (PCB) era incessante e, aproveitando -
se da forte carga emocional e revolucionária, sob a qual viviam alguns
militares, oficiais, sargentos e cabos, cooptou adeptos em muitas unidades
militares.
O Capitão do Exército Luiz Carlos
Prestes, um dos mais ativos integrantes do tenentismo, projetou - se como
figura de proa em todos os movimentos da década de 20, forjando um passado
marcado por ações contestatórias aos governos vigentes, culminando por destacar
- se como Chefe de Estado - Maior da coluna de revoltosos, que sob a chefia de
Miguel Costa, recebera a designação de “Coluna Prestes”, agrupamento composto
pelos remanescentes da derrotada Revolução deflagrada em 1924, que perseguidos
pelas tropas federais, durante quase três anos percorreram parte do território
nacional.
Prestes pontuara a sua conduta com
radicalismo. Afrontara impunemente, por diversas vezes a ordem legal, no
entanto, atuava ostensivamente ao abrigo de um aparato jurídico inepto, com
autoridades civis e militares sempre complacentes com a quebra da lei e da
ordem, emergindo como eterno revolucionário, e após os fracassos anteriores,
encontrara nas teorias marxistas o ambiente propício para dar vazão às suas
aspirações. Em 1930, convertido à causa bolchevista, foi alçado à posição de
chefe do PCB. Em 1931, após um ano de estágio na Rússia, retornou, assumindo a
posição de líder do Partido Comunista.
Em 1934, aglutinando socialistas, comunistas,
militares de esquerda e liberais, e adotando a política da frente única, foi
organizada a Aliança Nacional Libertadora (ANL), que encobria a ação do PCB,
que de fato, atuava sob a orientação secreta e direta do partido.
A conspiração para a tomada do
poder foi ganhando espaço e adeptos, através de intensa pregação, até que,
julgando - se fortalecidos pela ampla propaganda de caráter doutrinário,
iludidos com a possibilidade de receberem forte apoio popular, além da efetiva
agregação de setores civis e militares, foram iniciados os planejamentos e
traçados os planos para o desencadeamento do golpe.
O Governo, apesar dos fortes
indícios que era articulada uma ação armada, por inépcia ou torpes intenções,
pouco ou nada fazia. Maldosamente, alguns entendiam que o Governo, enfraquecido
politicamente, assistia às manobras subversivas com a intenção de, ao degolar o
movimento, restaurar o regime ditatorial nos moldes anteriores.
A Intentona eclodiu,
prematuramente, no dia 23 de novembro, em Natal, propagou - se no dia seguinte
para o Recife, para irromper no Rio de Janeiro, no dia 27, no 3º Regimento de
Infantaria, foco principal dos insurgentes, na Praia Vermelha e na Escola de
Aviação, no Campo dos Afonsos.
Em diversos quartéis, militares
comunistas perpetraram a chacina de outros militares, mediante atos de traição
e covardia.
Felizmente, sem lograr o
desembocar de todas as ações planejadas, sem poder contar com a propagação da
sublevação por outras unidades militares, e o engajamento de outros setores,
pouco a pouco a Intentona foi reduzida a fragilidade de esparsos núcleos, que
cercados, renderam - se às tropas governamentais.
Posteriormente, os revoltosos
foram anistiados, mas perdoados pela sociedade, não pestanejaram em encetar, no
futuro, uma nova tentativa para estabelecer o regime marxista no Brasil.
Brasília, DF, 25 de novembro de
2014
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