by Thoth3126 on May 13,
Revista alemã afirma que sonho da Copa no Brasil pode virar um fiasco.
A “Der Spiegel” dedica dez
páginas ao Mundial e prevê que o Brazil, o país do futebol pode ter protestos e
tiroteios em vez de festa. O estádio do Maracanã, diz a reportagem, teve a alma
roubada e é exemplo de como os políticos brasileiros se distanciaram do povo.
A um mês da Copa, a maior e mais
importante revista da Alemanha, a Der Spiegel, faz uma previsão sombria sobre o
Mundial no país do futebol. Com o título “Morte e jogos”, o semanário traz em
sua capa uma imagem da bola oficial do torneio em chamas caindo sobre o Rio de
Janeiro.
Edição e imagens: Thoth3126@gmail.com
Revista alemã afirma que sonho da
Copa no Brasil pode virar um fiasco
Autoria Mariana Santos /
Alexandre Schossler, edição: Rafael Plaisant, data: 12.05.2014 -Fonte: http://dw.de/p/1ByTi
Em três matérias, que juntas
somam dez páginas, é apresentado um retrato dos atrasos nas obras, da
insatisfação dos brasileiros com os altos custos do evento e dos prováveis
embates nas ruas das cidades-sede.
“Justamente no país do futebol, a
Copa do Mundo pode virar um fiasco: protestos, greves e tiroteios em vez de
festa”, afirma a matéria, assinada pelo jornalista alemão Jens Glüsing e que
leva o título de “Gol contra do Brasil”. “As notícias serão sobre protestos e
greves, problemas com infraestrutura e violência”, prevê.
Enquanto na Alemanha os
torcedores já estão vestindo a camisa da seleção nacional, e enfeites e
adereços com as cores da bandeira estão à venda nas lojas, no país conhecido
pelo carnaval, compara o jornalista, o clima é outro: “Nas favelas do Rio de
Janeiro, policiais e traficantes se enfrentam de maneira sangrenta. Em São
Paulo, gangues queimam ônibus quase todas as noites.”
Para a Spiegel, o clima de festa
só vai aparecer se a seleção brasileira vencer o torneio. Mas, caso isso não
aconteça, a revista questiona se o país viverá uma onda de violência: “Os jogos
vão terminar em pancadaria nas ruas? Políticos e funcionários da Fifa serão
perseguidos por uma multidão enfurecida?”
Da promessa a ilusão
A revista traça um paralelo entre
o otimismo que tomou conta do país no início dos anos 2000, por conta dos
números favoráveis da economia, e as dificuldades vividas pelo Brasil atual
para crescer. Apesar da expansão da classe média, que cada vez consome mais e
paga mais impostos, os sistemas de saúde e educação continuam sucateados, diz a
reportagem, que prossegue: o transporte público é ruim e dois terços das
residências no país não têm saneamento básico.
A Spiegel avalia que o descontentamento da população com as condições de vida no país agora se mistura ao ódio à Fifa: “A alegria que se via antigamente com a Copa do Mundo transformou-se em irritação com o governo e com a organização”. Exemplo disso, diz o texto, pôde ser observado nos protestos que tomaram conta do país em junho do ano passado, durante a Copa das Confederações.
A Spiegel avalia que o descontentamento da população com as condições de vida no país agora se mistura ao ódio à Fifa: “A alegria que se via antigamente com a Copa do Mundo transformou-se em irritação com o governo e com a organização”. Exemplo disso, diz o texto, pôde ser observado nos protestos que tomaram conta do país em junho do ano passado, durante a Copa das Confederações.
Políticos-Brasil
“Caçando elefantes
brancos“
Em outra matéria, intitulada “Caçando elefantes brancos”, a
Spiegel ressalta os valores estratosféricos gastos com a construção de novos
estádios – “cerca de €$ 2,7 bilhões de euros (…), talvez até mais, ninguém sabe
ao certo”, alfineta a revista, destacando que o Tribunal de Contas da União, o
Ministério do Esporte e o Portal da Transparência do governo revelam valores
distintos. “Nenhum país gastou tanto com a Copa. E quase tudo foi pago com
dinheiro público.”
Enquanto isso, lembra a revista, dos 49 grandes projetos de
construção que ficariam como importantes legados do torneio, 13 sequer saíram
do papel ou foram drasticamente reduzidos. Entre eles, o trem-bala ligando o
Rio a São Paulo, ressalta o semanário alemão.
Assinada pelos jornalistas Jens Glüsing e Maik
Grossekathöfer, a matéria diz que a reforma do Maracanã é um exemplo de “como
os políticos se distanciaram do povo”, citando as palavras de um professor
americano que vive no Rio há cinco anos. A antiga casa do futebol brasileiro
“teve sua alma roubada”, diz a publicação.
Os políticos do Brasil se distanciaram do povo mais ainda com o aumento da corrupção desenfreada no pais. Um recado já foi dado em junho de 2013, parece que mais precisa ser feito… |
Protesto-Brasilia
Os políticos do Brasil se distanciaram do povo mais ainda
com o aumento da corrupção desenfreada no pais. Um recado já foi dado em junho
de 2013, parece que mais precisa ser feito…
A Spiegel conta que o estádio, construído em 1950, era um
símbolo contra o racismo e a ditadura. “A arquibancada era redonda para que
todos pudessem ter a mesma visão do estádio. Não havia divisões. Quando as
equipes trocavam de lado, os torcedores davam a volta”, continua.
“E todos podiam entrar. Duzentas mil pessoas cabiam no
Maracanã, era o maior estádio do mundo. Os ingressos no anel inferior eram tão
baratos que até mesmo mendigos podiam comprá-los. Os franceses tinham a Torre
Eiffel. Os americanos, a Estátua da Liberdade. Os brasileiros, o Maracanã.”
Após diversas reformas ao longo dos anos, o estádio virou um
shopping center com grama no meio, critica a revista, e os ingressos mais
baratos custam 80 reais. “Hoje o Maracanã tem a cara de qualquer estádio da
Fifa. Podia estar em Londres, em Frankfurt ou em Yokohama”, lamenta a
reportagem. “É uma arena para a televisão, e não para os brasileiros. É um
assassinato cultural”.
Maracanã
“Hoje o Maracanã tem a cara de qualquer estádio da Fifa. “É
uma arena para a televisão, e não para os brasileiros. É um assassinato
cultural”
Violência intrínseca
A Spiegel traz ainda uma entrevista com o escritor
brasileiro Luiz Ruffato sob o título “Sempre fomos violentos”. Nela, o escritor
ressalta os conflitos que marcaram a história do Brasil – extermínio de índios,
escravidão, ditadura – e que, para ele, marcaram a sociedade brasileira.
Ruffato causou grande polêmica no ano passado durante a
Feira do Livro em Frankfurt , quando o Brasil foi o homenageado do evento. Ele
discursou sobre as injustiças sociais e as desigualdades do país, o qual para
ele é paradoxal – ora visto como exótico e paradisíaco, ora como um local
execrável e violento. DW.DE
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