Autor- João Gualberto
Jr. Editado na TRIBUNA DA INTERNET - Sob o signo da Liberdade
O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) faz uma campanha com
slogan simples e direto: “Quer um país sem corrupção? Seja honesto.” Ao mesmo tempo,
a Igreja, a OAB, os promotores e diversos movimentos sociais encabeçam o
movimento por uma prática política mais limpa e, com essa referência, assinam
coletivamente uma das poucas propostas dignas de levar o nome de reforma do
sistema político. Não dá para não lembrar que o clamor por clareza e justiça na
política também foi dos temas preferidos das faixas e cantos das manifestações
de rua: “Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil”.
Soa sobre nossas cabeças esse chamado de assumirmos nosso
papel como peça de um organismo complexo. Vem de todos os lados para quem tem
ouvidos de ouvir. É algo quase esotérico, do tipo “faça sua parte da melhor
forma pelo bem de todos”.
Cada um em sua parcela de responsabilidade, em “seu
quadrado”: o estudante, estude; o trabalhador, trabalhe; e o empresário, que
busque o lucro mais como consequência do que causa. Para o gestor público, o
desejo é que gerencie bem e com lisura. O parlamentar deve legislar norteado
pelo interesse de quem o elegeu. E o juiz, que julgue como zelador da
legislação.
Por que o primaz no Brasil soa tão ingênuo e, ao mesmo tempo,
utópico?
UM ANO ESPECIAL
Pois, nesses termos coletivos, entraremos em um ano especial.
Não bastassem as eleições gerais, teremos a Copa do Mundo em nossos quintais
depois de 64 anos (quanta coisa mudou nesse tempo). O mundial arrasta muita
coisa consigo: os mandos, os desmandos, os olhos do mundo, o povo na rua. O tal
legado baterá à porta, para o mal e para o bem. É preciso ter a noção de que
estamos plantando futuro por aqui. E pensar e agir em reflexão com o todo é o
vocativo da vez.
Na hora de votar, por exemplo, o eleitor tem todo o direito
de decidir conforme suas preferências: a consumação de seus desejos, o usufruto
desembargado de seu patrimônio, o asfalto da minha rua… Porém, é dever também
ponderar a situação do cidadão que está pior do que a gente. Se ele prosperar,
instruir-se, alimentar-se melhor, isso, no futuro, poderá ser melhor para mim
do que o conforto de sair da garagem de carro com segurança.
Em seu pronunciamento na TV e no rádio em virtude da virada
do ano, Dilma chamou os jovens a usar a “fotografia do presente (…) para
projetar o futuro”. Noves fora a autopromoção, ela fez um chamamento certeiro,
que se amarra bem a essa tônica de contornos coletivos: “Se imaginarmos um país
justo e grande e lutarmos por isso, assim o teremos. Se mergulharmos em
pessimismo e ficarmos presos a disputas e interesses mesquinhos, teremos um
país menor”.
É nada menos do que isso o que esperamos da senhora,
“presidenta”, e de seus pares, e ainda de todos os cidadãos ungidos pelo voto e
guiados pela pretensão de representar os sonhos e os anseios do conjunto da
sociedade. Do contrário… bem, no futuro, o descrédito popular há de ser
suficientemente contumaz para aposentar compulsoriamente os mesquinhos, os
corruptos e os incompetentes, como em qualquer país sério. A cada ciclo de 365
dias, serão eles mais prescindíveis para o que queremos. Felizes anos novos!
(transcrito de O Tempo)
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