sábado, 23 de abril de 2016

JAIR BOLSONARO E A COMUNICAÇÃO SOCIAL

    

Escrito por Luiz Gustavo Fonseca| 19 abril 2016     
ARTIGOS- CULTURA (*)

Jb Infelizmente existem coisas que são permitidas à esquerda, mas não a nós.
O dia 17 de abril de 2016 ficará marcado em nossa história como o primeiro passo objetivo dado pelo Brasil contra o comunismo do Foro de São Paulo. No entanto, a belíssima e emocionante vitória da democracia deixou um sabor residual amargo na boca de quem, como eu, apóia o deputado federal Jair Bolsonaro em sua pré-candidatura à Presidência da República.
Em seu breve discurso preliminar à declaração de voto favorável ao impeachment de Dilma Rousseff, não se pode dizer que Bolsonaro tenha "mitado". A menos que consideremos mitológico condensar tantos equívocos de retórica em meros 55 segundos.
Tenho certeza de que compartilhei com milhões de brasileiros patriotas a empolgação quando um sorridente Bolsonaro se aproximou do microfone, recebido sob vaias dos comunistas - o que, convenhamos, já é um começo espetacular para qualquer pessoa decente. Até que ele abriu a boca.
E aqui, abro um pequeno parêntese.
Em que pese seu crescimento fenomenal nas pesquisas de intenção de voto a presidente em 2018, Jair Bolsonaro ainda não é um quadro conhecido por todos os brasileiros.
Geograficamente, seu capital político se concentra, não só mas principalmente, no Rio de Janeiro, seu domicílio eleitoral, onde cumpre o sexto mandato consecutivo com votações progressivamente mais expressivas, além de contribuir com os triunfos de seus filhos Flávio (deputado estadual) e Carlos (vereador); e em São Paulo, onde ajudou a eleger seu filho Eduardo (deputado federal).
Porém, é nas redes sociais que a força da marca Bolsonaro atinge níveis estratosféricos de popularidade e aceitação. Suas convicções alinhadas com o perfil majoritariamente conservador do brasileiro se aliam a um carisma sincero de "tiozão da zoeira" e o resultado são incontáveis páginas de Facebook e Twitter em sua homenagem, além de vídeos no You Tube, em que coletâneas de suas tiradas sem papas na língua são postadas diariamente, dando origem até mesmo a um programa de humor no estilo "mil grau", popular entre torcedores fanáticos de futebol. Em sua página oficial no Facebook, Jair Bolsonaro já conta com mais de 2,8 milhões de seguidores, entre homens, mulheres, brancos, negros, hetero e homossexuais. É muita opressão.
O poder da internet nos dias de hoje é tal que já arrasta para o mundo real essa condição de popstar, como provam as recepções calorosas, massivas e espontâneas com que o Bolsomito tem sido festejado em aeroportos de todo o Brasil. Fenômeno raro e desprezado, de propósito, pelos meios de comunicação que a esquerda tanto domina quanto acusa de golpismo.
Mas é fato: grande parte do público ainda ignora Jair, como ignoraria qualquer político que nunca se candidatou a um cargo executivo e não desfruta do poder de recall. Não há nada de anormal nem de desabonador nisso.
O problema é que existe uma parcela do público que, por meio dos programas  ensacionalistas mais podres e rasteiros da podre e rasteira programação televisiva nacional, já foi apresentada à faceta "polêmica" de Bolsonaro. E na novilíngua de um país governado pelo politicamente correto e "alfabetizado" por Paulo Freire, polêmico é eufemismo para ditador nazista, fascista, homofóbico, autoritário, racista, machista e quantos mais "istas" o léxico da Nova Ordem Mundial puder inventar.
Grande parte do eleitorado brasileiro não conhece a batalha do deputado contra a ideologia de gênero, sua importância na aprovação da "pílula do câncer" e do comprovante de voto impresso, sua luta incansável pelo direito à legítima defesa e contra a criminalidade. O brasileiro médio não sabe que Bolsonaro é um dos raros parlamentares que denuncia em plenário, com coragem que resvala no heroísmo, o Foro de São Paulo como a organização criminosa que é, atacando o PT pelo motivo certo: por ser um partido revolucionário comunista.
Mas a história da Preta Gil e outras declarações desastradas no calor do debate,  quase sempre tiradas de contexto, são de pleno conhecimento popular e, quando feita a ligação do nome à pessoa, fazem de Bolsonaro o clássico caso do "não vi, mas não gostei" para muita gente.
Fecho este - confesso - não tão pequeno parêntese com uma pergunta meramente retórica: quem é o deputado federal mais famoso do Brasil hoje?
Eduardo Cunha, ele mesmo. Um dos homens que a esquerda brasileira mais odeia e vilaniza publicamente. O "malvado favorito" para nós, direitistas. Sob qualquer lado por que se analise a questão, nosso Frank Underwood não poderia estar mais longe de ser uma unanimidade na House of Cards que, bem ou mal, todos sabem que ele protagoniza.
E eis como Bolsonaro escolheu abrir seu primeiro pronunciamento ao vivo, em HD na telinha da Globo, para todo o Brasil.
"Nesse dia de glória para o povo brasileiro, tem um nome que entrará para a história, nessa data, pela forma como conduziu os trabalhos nessa casa. Parabéns, presidente Eduardo Cunha."
Bolsonaro elogiou a honestidade do Presidente da Câmara e o convidou para formar sua chapa como candidato a vice em 2018? Claro que não, elogiou apenas a condução do processo que foi, realmente, impecável.
Entretanto, resumindo grosseiramente um conceito básico de semiótica, comunicação não é só o que você fala, é também o que o interlocutor entende. Se já existe uma má vontade para com o mensageiro, a máxima prudência deste não seria exagerada.
Por falta desse cuidado, aos olhos e ouvidos do brasileiro médio com sua interpretação de texto abaixo da média, "o cara que odeia gay" parabenizou "o corrupto que tem conta na Suíça". Esta foi a primeira impressão. Aquela que fica, sabe?
O reconhecimento a Cunha é válido e justíssimo no que tange ao impeachment. Devemos o andamento do processo quase exclusivamente à sua pessoa. Independentemente da pureza de sua motivação, fosse outro a presidir a Câmara, o assunto teria morrido no ninho. Há de se aplaudir também a frieza demonstrada sob tantos xingamentos durante a votação, o que agilizou consideravelmente o pleito, privando a TV Câmara de mais algumas horas de pico inédito de audiência.
Porém, se havia um momento para que tal reconhecimento fosse feito, certamente, não era aquele. Um post curto nas redes sociais bastaria.
Não leio pensamentos, mas peço licença a quem lê este texto para supor que a intenção por trás da saudação de Bolsonaro fosse a de afrontar a turminha histérica do "Fora, Cunha", formada pelo PT e suas linhas auxiliares.
Objetivo que, se verdadeiro, foi alcançado com louvor. Mas considerado o gigantismo do palanque, um objetivo pequeno, mesquinho. Que caberia em 140 caracteres no Twitter.
"Perderam em 64. Perderam agora em 2016."
Aprendi com o professor Olavo de Carvalho que o conceito de analogia baseia-se em uma síntese de semelhanças e diferenças.
Pode ser feita uma analogia entre o propalado "golpe" militar e o processo do impeachment da quase-ex-presidente egressa da POLOP e VAR-Palmares? Sim, com toda certeza.
Mas, em 55 segundos, só os esquerdistas podem fazer essa analogia com sucesso de entendimento. Nós, não. Ainda não.
Esta é a realidade com a qual se tem de lidar tratando do assunto em rede nacional. Especialmente quando a ambição de disputar a Presidência da República, como única alternativa verdadeiramente de direita, está em jogo.
Apesar de existirem inúmeras diferenças, há, ao menos, uma grande e fundamental semelhança entre os movimentos de 64 e de 2016: ambos visaram salvar o Brasil do comunismo.
No entanto, a narrativa dominante é a que foi imposta pela esquerda desde os anos 60. A encarquilhada balela de golpe, ditadura, exílio, censura. Por mais que nada disso tenha sido verdade, ou pelo menos, tão grave quanto pintam, foi esta a versão vendida para o público. E não é possível desconstruir tamanho trabalho de doutrinação ideológica em 55 segundos. Por mais razão que tenhamos na matéria, o que, objetivamente, era o caso de Bolsonaro. Por melhores oradores que sejamos, o que, comprovadamente, não é o caso de Bolsonaro.
Se, em um discurso curto, um pré-candidato à Presidência fala sobre 1964, não há como explicar que a ofensiva militar impediu que João Goulart entregasse o Brasil à KGB; não há como explicar que o Congresso cassou democraticamente o mandato desse presidente, sob clamor popular; não há como explicar que o regime só endureceu quando os comunistas pegaram em armas, em 1968; não há como explicar que, treinados pelo serviço secreto cubano, os guerrilheiros nunca lutaram por democracia e, sim, para substituir o governo militar por uma ditadura do proletariado; não há como explicar que a dita repressão foi apenas contra essas centenas de foras-da-lei, enquanto as famílias brasileiras andavam tranqüilas pelas ruas, sem medo de ser assaltadas, estupradas ou mortas na porta de suas casas.
Em 55 segundos, não dá para defender o regime militar. Não por ser essencialmente errado, mas por ser humanamente inviável.
"Pela família e pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve (sic). Contra o comunismo. Pela nossa liberdade. Contra o Foro de São Paulo."
Tivesse Bolsonaro resumido sua fala às quatro frases acima, seu discurso seria apoteótico. Pronto para figurar no primeiro programa de sua campanha eleitoral. Sem edição, sem efeitos especiais, bastando apenas acrescentar uma trilha instrumental épica.
Em quatro frases simples e ditas com o coração, Bolsonaro provou novamente ser um dos poucos políticos a compreender que vivemos em uma guerra. Uma guerra ideológica. O problema não é a crise econômica. O problema não é a roubalheira. O problema é o esquerdismo, é o Foro de São Paulo, é a corrupção como ferramenta de um projeto totalitário e assassino de perpetuação do comunismo.
Mas aí...
"Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff. Pelo Exército de Caxias. Pelas nossas Forças Armadas."
Bolsonaro proferiu esta parte do discurso olhando, figurativa e literalmente, para trás.
Com raiva justificada, o deputado mirou seu fuzil .762 verbal na direção de comunistas como Jandira Feghalli e Jean Wyllys, que o sucederiam por ordem alfabética no púlpito. Mirou e acertou na alma, como provado posteriormente pela nojenta cusparada do militante gayzista que idolatra Che Guevara.
Acertou na alma dos comunistas presentes, se é que eles a têm, mas errou.
Errou porque a votação do impeachment foi televisionada ao vivo para todo o Brasil. Centenas de milhões de brasileiros. Esta era a audiência de Bolsonaro. Mas ele preferiu voltar-lhe as costas momentaneamente, infringindo uma regra de ouro do bem falar em público, para se dirigir àqueles poucos infelizes que vivem como presos políticos mentais, acorrentados a uma década de 60 que só existiu em suas cabeças doentes.
Analfabetos políticos, como o ex-BBB, adoram encher a boca para falar. Foi ao nível deles que Bolsonaro desceu para brigar por coisas que aconteceram há quase 50 anos. Sou obrigado a me repetir: infelizmente, existem coisas que são permitidas à esquerda, mas não a nós.
Se o coronel Ustra torturou ou não a "Wanda", não se pode perder de vista que ela era uma terrorista, uma criminosa agindo contra a soberania nacional, direta ou indiretamente, roubando, seqüestrando e matando. Mas novamente, a comissão de votação do impeachment não era a hora ou o lugar para bancar o advogado dos métodos do regime militar.
Funcionou? Bem, existe uma pequena possibilidade de cassação de mandato, por quebra de decoro parlamentar, do pior e mais fascista deputado da casa, Jean Wyllys.
Valeu a pena? Se for cassado o parlamentar que quer proporcionar cirurgias de troca de sexo para crianças, ponto para nós. Mas seria uma vitória de Pirro para Bolsonaro, que sai do ocorrido com a pecha de "viúva da ditadura". Sem cassação, foi tudo por nada. Uma oportunidade perdida de causar uma primeira impressão vencedora, voltada para o futuro, mítica.
Bolsonaro poderia ter-se apresentado ontem como o representante da verdadeira direita conservadora. Como tantos outros deputados, poderia ter invocado Deus, sua família, seus valores. Poderia, como Marco Feliciano, seu colega de partido, render homenagem a Olavo de Carvalho. Poderia denunciar a farsa do estatuto do desarmamento, como fez seu filho Eduardo, ou as urnas da Smartmatic, ou a mal-contada história da ameaça do ISIS ao Brasil, como fizera um dia antes.
Mas não. Falando com o fígado, acabou mostrando-se como aquela direita raivosa que só existe nos sonhos da esquerda: militarista, saudosista, intolerante. Tudo que nós não somos. Tudo que, em entrevistas mais substanciosas como à bílbia esquerdista New York Times e aos vloggers Nando Moura e Karol Eller, ele já demonstrou que não é.
Mas pareceu ser.
Hoje de manhã, vi muita preocupação nas redes sociais (sempre elas): um sentimento generalizado de "e agora, como vou defender meu candidato perante minha família?". Muito pior, vi pessoas se questionando e, até mesmo, declarando retirar seu apoio.
A resposta, para todos, é muito simples. Em política, não existe candidato perfeito; existe candidato possível. E o nosso candidato possível é Jair Bolsonaro.
"Por um Brasil acima de tudo, por Deus acima de todos,  o meu voto é SIM!"
Luiz Gustavo Fonseca é publicitário.
(*) Transcrito do Blog Midia Sem Mascara - 19 de abril de 2016