Escrito por Luiz Gustavo Fonseca| 19 abril 2016
ARTIGOS- CULTURA (*)
Jb Infelizmente
existem coisas que são permitidas à esquerda, mas não a nós.
O dia 17 de abril de 2016 ficará marcado em nossa história
como o primeiro passo objetivo dado pelo Brasil contra o comunismo do Foro de
São Paulo. No entanto, a belíssima e emocionante vitória da democracia deixou
um sabor residual amargo na boca de quem, como eu, apóia o deputado federal
Jair Bolsonaro em sua pré-candidatura à Presidência da República.
Em seu breve discurso preliminar à declaração de voto
favorável ao impeachment de Dilma Rousseff, não se pode dizer que Bolsonaro
tenha "mitado". A menos que consideremos mitológico condensar tantos
equívocos de retórica em meros 55 segundos.
Tenho certeza de que compartilhei com milhões de brasileiros
patriotas a empolgação quando um sorridente Bolsonaro se aproximou do
microfone, recebido sob vaias dos comunistas - o que, convenhamos, já é um
começo espetacular para qualquer pessoa decente. Até que ele abriu a boca.
E aqui, abro um pequeno parêntese.
Em que pese seu crescimento fenomenal nas pesquisas de
intenção de voto a presidente em 2018, Jair Bolsonaro ainda não é um quadro
conhecido por todos os brasileiros.
Geograficamente, seu capital político se concentra, não só
mas principalmente, no Rio de Janeiro, seu domicílio eleitoral, onde cumpre o
sexto mandato consecutivo com votações progressivamente mais expressivas, além
de contribuir com os triunfos de seus filhos Flávio (deputado estadual) e
Carlos (vereador); e em São Paulo, onde ajudou a eleger seu filho Eduardo
(deputado federal).
Porém, é nas redes sociais que a força da marca Bolsonaro
atinge níveis estratosféricos de popularidade e aceitação. Suas convicções
alinhadas com o perfil majoritariamente conservador do brasileiro se aliam a um
carisma sincero de "tiozão da zoeira" e o resultado são incontáveis
páginas de Facebook e Twitter em sua homenagem, além de vídeos no You Tube, em
que coletâneas de suas tiradas sem papas na língua são postadas diariamente,
dando origem até mesmo a um programa de humor no estilo "mil grau",
popular entre torcedores fanáticos de futebol. Em sua página oficial no
Facebook, Jair Bolsonaro já conta com mais de 2,8 milhões de seguidores, entre
homens, mulheres, brancos, negros, hetero e homossexuais. É muita opressão.
O poder da internet nos dias de hoje é tal que já arrasta
para o mundo real essa condição de popstar, como provam as recepções calorosas,
massivas e espontâneas com que o Bolsomito tem sido festejado em aeroportos de
todo o Brasil. Fenômeno raro e desprezado, de propósito, pelos meios de
comunicação que a esquerda tanto domina quanto acusa de golpismo.
Mas é fato: grande parte do público ainda ignora Jair, como
ignoraria qualquer político que nunca se candidatou a um cargo executivo e não
desfruta do poder de recall. Não há nada de anormal nem de desabonador nisso.
O problema é que existe uma parcela do público que, por meio
dos programas ensacionalistas mais
podres e rasteiros da podre e rasteira programação televisiva nacional, já foi
apresentada à faceta "polêmica" de Bolsonaro. E na novilíngua de um
país governado pelo politicamente correto e "alfabetizado" por Paulo
Freire, polêmico é eufemismo para ditador nazista, fascista, homofóbico,
autoritário, racista, machista e quantos mais "istas" o léxico da
Nova Ordem Mundial puder inventar.
Grande parte do eleitorado brasileiro não conhece a batalha do
deputado contra a ideologia de gênero, sua importância na aprovação da
"pílula do câncer" e do comprovante de voto impresso, sua luta
incansável pelo direito à legítima defesa e contra a criminalidade. O
brasileiro médio não sabe que Bolsonaro é um dos raros parlamentares que
denuncia em plenário, com coragem que resvala no heroísmo, o Foro de São Paulo
como a organização criminosa que é, atacando o PT pelo motivo certo: por ser um
partido revolucionário comunista.
Mas a história da Preta Gil e outras declarações desastradas
no calor do debate, quase sempre tiradas
de contexto, são de pleno conhecimento popular e, quando feita a ligação do
nome à pessoa, fazem de Bolsonaro o clássico caso do "não vi, mas não
gostei" para muita gente.
Fecho este - confesso - não tão pequeno parêntese com uma
pergunta meramente retórica: quem é o deputado federal mais famoso do Brasil
hoje?
Eduardo Cunha, ele mesmo. Um dos homens que a esquerda
brasileira mais odeia e vilaniza publicamente. O "malvado favorito"
para nós, direitistas. Sob qualquer lado por que se analise a questão, nosso
Frank Underwood não poderia estar mais longe de ser uma unanimidade na House of
Cards que, bem ou mal, todos sabem que ele protagoniza.
E eis como Bolsonaro escolheu abrir seu primeiro
pronunciamento ao vivo, em HD na telinha da Globo, para todo o Brasil.
"Nesse dia de glória para o povo brasileiro, tem um nome
que entrará para a história, nessa data, pela forma como conduziu os trabalhos
nessa casa. Parabéns, presidente Eduardo Cunha."
Bolsonaro elogiou a honestidade do Presidente da Câmara e o
convidou para formar sua chapa como candidato a vice em 2018? Claro que não,
elogiou apenas a condução do processo que foi, realmente, impecável.
Entretanto, resumindo grosseiramente um conceito básico de
semiótica, comunicação não é só o que você fala, é também o que o interlocutor
entende. Se já existe uma má vontade para com o mensageiro, a máxima prudência
deste não seria exagerada.
Por falta desse cuidado, aos olhos e ouvidos do brasileiro
médio com sua interpretação de texto abaixo da média, "o cara que odeia
gay" parabenizou "o corrupto que tem conta na Suíça". Esta foi a
primeira impressão. Aquela que fica, sabe?
O reconhecimento a Cunha é válido e justíssimo no que tange
ao impeachment. Devemos o andamento do processo quase exclusivamente à sua
pessoa. Independentemente da pureza de sua motivação, fosse outro a presidir a
Câmara, o assunto teria morrido no ninho. Há de se aplaudir também a frieza
demonstrada sob tantos xingamentos durante a votação, o que agilizou
consideravelmente o pleito, privando a TV Câmara de mais algumas horas de pico
inédito de audiência.
Porém, se havia um momento para que tal reconhecimento fosse
feito, certamente, não era aquele. Um post curto nas redes sociais bastaria.
Não leio pensamentos, mas peço licença a quem lê este texto
para supor que a intenção por trás da saudação de Bolsonaro fosse a de afrontar
a turminha histérica do "Fora, Cunha", formada pelo PT e suas linhas
auxiliares.
Objetivo que, se verdadeiro, foi alcançado com louvor. Mas
considerado o gigantismo do palanque, um objetivo pequeno, mesquinho. Que
caberia em 140 caracteres no Twitter.
"Perderam em 64. Perderam agora em 2016."
Aprendi com o professor Olavo de Carvalho que o conceito de
analogia baseia-se em uma síntese de semelhanças e diferenças.
Pode ser feita uma analogia entre o propalado
"golpe" militar e o processo do impeachment da quase-ex-presidente
egressa da POLOP e VAR-Palmares? Sim, com toda certeza.
Mas, em 55 segundos, só os esquerdistas podem fazer essa
analogia com sucesso de entendimento. Nós, não. Ainda não.
Esta é a realidade com a qual se tem de lidar tratando do
assunto em rede nacional. Especialmente quando a ambição de disputar a
Presidência da República, como única alternativa verdadeiramente de direita,
está em jogo.
Apesar de existirem inúmeras diferenças, há, ao menos, uma
grande e fundamental semelhança entre os movimentos de 64 e de 2016: ambos
visaram salvar o Brasil do comunismo.
No entanto, a narrativa dominante é a que foi imposta pela
esquerda desde os anos 60. A encarquilhada balela de golpe, ditadura, exílio,
censura. Por mais que nada disso tenha sido verdade, ou pelo menos, tão grave
quanto pintam, foi esta a versão vendida para o público. E não é possível
desconstruir tamanho trabalho de doutrinação ideológica em 55 segundos. Por
mais razão que tenhamos na matéria, o que, objetivamente, era o caso de
Bolsonaro. Por melhores oradores que sejamos, o que, comprovadamente, não é o
caso de Bolsonaro.
Se, em um discurso curto, um pré-candidato à Presidência fala
sobre 1964, não há como explicar que a ofensiva militar impediu que João
Goulart entregasse o Brasil à KGB; não há como explicar que o Congresso cassou
democraticamente o mandato desse presidente, sob clamor popular; não há como
explicar que o regime só endureceu quando os comunistas pegaram em armas, em
1968; não há como explicar que, treinados pelo serviço secreto cubano, os
guerrilheiros nunca lutaram por democracia e, sim, para substituir o governo
militar por uma ditadura do proletariado; não há como explicar que a dita
repressão foi apenas contra essas centenas de foras-da-lei, enquanto as
famílias brasileiras andavam tranqüilas pelas ruas, sem medo de ser assaltadas,
estupradas ou mortas na porta de suas casas.
Em 55 segundos, não dá para defender o regime militar. Não
por ser essencialmente errado, mas por ser humanamente inviável.
"Pela família e pela inocência das crianças em sala de
aula, que o PT nunca teve (sic). Contra o comunismo. Pela nossa liberdade.
Contra o Foro de São Paulo."
Tivesse Bolsonaro resumido sua fala às quatro frases acima,
seu discurso seria apoteótico. Pronto para figurar no primeiro programa de sua
campanha eleitoral. Sem edição, sem efeitos especiais, bastando apenas
acrescentar uma trilha instrumental épica.
Em quatro frases simples e ditas com o coração, Bolsonaro
provou novamente ser um dos poucos políticos a compreender que vivemos em uma
guerra. Uma guerra ideológica. O problema não é a crise econômica. O problema
não é a roubalheira. O problema é o esquerdismo, é o Foro de São Paulo, é a
corrupção como ferramenta de um projeto totalitário e assassino de perpetuação
do comunismo.
Mas aí...
"Pela memória do coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra,
o pavor de Dilma Rousseff. Pelo Exército de Caxias. Pelas nossas Forças
Armadas."
Bolsonaro proferiu esta parte do discurso olhando, figurativa
e literalmente, para trás.
Com raiva justificada, o deputado mirou seu fuzil .762 verbal
na direção de comunistas como Jandira Feghalli e Jean Wyllys, que o sucederiam
por ordem alfabética no púlpito. Mirou e acertou na alma, como provado
posteriormente pela nojenta cusparada do militante gayzista que idolatra Che
Guevara.
Acertou na alma dos comunistas presentes, se é que eles a
têm, mas errou.
Errou porque a votação do impeachment foi televisionada ao
vivo para todo o Brasil. Centenas de milhões de brasileiros. Esta era a
audiência de Bolsonaro. Mas ele preferiu voltar-lhe as costas momentaneamente,
infringindo uma regra de ouro do bem falar em público, para se dirigir àqueles poucos
infelizes que vivem como presos políticos mentais, acorrentados a uma década de
60 que só existiu em suas cabeças doentes.
Analfabetos políticos, como o ex-BBB, adoram encher a boca
para falar. Foi ao nível deles que Bolsonaro desceu para brigar por coisas que
aconteceram há quase 50 anos. Sou obrigado a me repetir: infelizmente, existem
coisas que são permitidas à esquerda, mas não a nós.
Se o coronel Ustra torturou ou não a "Wanda", não
se pode perder de vista que ela era uma terrorista, uma criminosa agindo contra
a soberania nacional, direta ou indiretamente, roubando, seqüestrando e
matando. Mas novamente, a comissão de votação do impeachment não era a hora ou
o lugar para bancar o advogado dos métodos do regime militar.
Funcionou? Bem, existe uma pequena possibilidade de cassação
de mandato, por quebra de decoro parlamentar, do pior e mais fascista deputado
da casa, Jean Wyllys.
Valeu a pena? Se for cassado o parlamentar que quer
proporcionar cirurgias de troca de sexo para crianças, ponto para nós. Mas
seria uma vitória de Pirro para Bolsonaro, que sai do ocorrido com a pecha de
"viúva da ditadura". Sem cassação, foi tudo por nada. Uma
oportunidade perdida de causar uma primeira impressão vencedora, voltada para o
futuro, mítica.
Bolsonaro poderia ter-se apresentado ontem como o
representante da verdadeira direita conservadora. Como tantos outros deputados,
poderia ter invocado Deus, sua família, seus valores. Poderia, como Marco
Feliciano, seu colega de partido, render homenagem a Olavo de Carvalho. Poderia
denunciar a farsa do estatuto do desarmamento, como fez seu filho Eduardo, ou
as urnas da Smartmatic, ou a mal-contada história da ameaça do ISIS ao Brasil,
como fizera um dia antes.
Mas não. Falando com o fígado, acabou mostrando-se como
aquela direita raivosa que só existe nos sonhos da esquerda: militarista,
saudosista, intolerante. Tudo que nós não somos. Tudo que, em entrevistas mais
substanciosas como à bílbia esquerdista New York Times e aos vloggers Nando Moura
e Karol Eller, ele já demonstrou que não é.
Mas pareceu ser.
Hoje de manhã, vi muita preocupação nas redes sociais (sempre
elas): um sentimento generalizado de "e agora, como vou defender meu
candidato perante minha família?". Muito pior, vi pessoas se questionando
e, até mesmo, declarando retirar seu apoio.
A resposta, para todos, é muito simples. Em política, não
existe candidato perfeito; existe candidato possível. E o nosso candidato
possível é Jair Bolsonaro.
"Por um Brasil acima de tudo, por Deus acima de todos, o meu voto é SIM!"
Luiz Gustavo Fonseca é publicitário.
(*) Transcrito do Blog Midia Sem Mascara - 19 de abril de 2016
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