Postado em novembro 29, 2013 por Tribuna da Imprensa Um comentários
(27 nov) Francisco abençoa fiéis na Praça de
São Pedro
Deu na Agência AFP
O Papa Francisco lamentou nesta
quinta-feira um certo “pensamento único” laico que rejeita a diversidade religiosa,
e fez um apelo ao direito dos fiéis de se expressarem em espaços públicos,
“respeitando as convicções dos demais”.
Em um discurso aos participantes
de uma reunião plenária do Conselho Pontifício para o diálogo entre religiões,
o Papa expressou dois “não”: não a “uma fraternidade cínica” no diálogo
interreligioso, onde cada líder religioso, para assegurar um entendimento
factível, “finge renunciar aquilo que lhe é mais caro”.
Não a um entendimento de fachada
com as sociedades laicas, acrescentou, em nome do respeito do dogma de um
“pensamento único teoricamente neutro”.
“Assistimos na História tragédias
dos pensamentos únicos”, lembrou, fugindo de seu discurso preparado.
O Papa criticou “o medo que vemos
crescer nas sociedades mais secularizadas: o medo da dimensão religiosa como
tal”.
“A religião é vista como inútil e
até mesmo perigosa. Às vezes argumenta-se que os cristãos devem abandonar as
suas convicções religiosas e morais no exercício de sua profissão. A ideia
generalizada é que apenas escondendo sua filiação religiosa podemos assegurar a
coexistência, nos reunindo em uma espécie de espaço neutro, sem qualquer
referência à transcendência”, considerou.
DIREITO À OBJEÇÃO
Desta forma, Francisco parece,
indiretamente, defender o direito à objeção de consciência, principalmente
entre médicos, prefeitos ou professores, quando confrontados a realidades que a
Igreja desaprova (aborto, eutanásia, casamento gay).
“Como seria possível a criação de
relacionamentos reais, a construção de uma sociedade que seja uma verdadeira
comunidade, impondo que cada um deixe de lado o que considera ser uma parte
íntima do seu ser?”, questionou.
“O futuro está na diversidade,
não na homogeneização de um pensamento único, teoricamente neutro”, insistiu
Francisco, chamando os católicos a “ter a coragem” e se apresentar “da forma
como são”, sempre “em respeito à crença dos outros”.
O Papa utilizou o mesmo argumento
para o difícil diálogo com as outras religiões como o Islã, retomando as
concepções de Bento XVI sobre um diálogo baseado na verdade: “dialogar não
significa abrir mão da identidade (…) e muito menos ceder a um compromisso
sobre a fé e a moral cristã”.
“O diálogo interreligioso e a evangelização não são
mutuamente exclusivas, mas alimentam-se mutuamente”, argumentou, enquanto
outros líderes religiosos sentem a evangelização como uma agressão.
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