Artigo de HELIO FERNANDES –Transcrição da Ttribunadaimprensaonline.-
-14.8.14
A primeira reação geral, foi de
assombro e perplexidade. Os que fazem pesquisas e projeções, nunca levam em
consideração o destino, o mais imprevisível, incompreensível e inacreditável
fator que é o destino. Nesse item, sempre de forma inesperada aparece a morte,
seja de quem for. E quando o morto é candidato a presidente da República, esse
fator inesperado tem repercussão varias vezes aumentada.
Eduardo Campos que baseava toda
sua campanha em “mudanças”, é lógico que nem de longe imaginava que a maior e mais
expressiva das mudanças viria dele mesmo com o sacrifício da própria vida.
Temos que lamentar, continuar estarrecido com os fatos que a vida ou perda
dela, podem acarretar. Vejamos agora com interpretação dos fatos novos, o que
acontecerá.
QUEM ENTRARÁ NO LUGAR DE CAMPOS?
Essa é a primeira pergunta a ser
respondido, o fato que surgirá, o nome que passará a preencher o lugar que era
ocupado partidariamente por Eduardo. O desaparecimento de Eduardo Cunha,
estarreceu a opinião pública, mas terá influencia sobre Dilma, Aécio . Marina.
No momento em que escrevo, nada consolidado, apenas hipóteses que dependerão
dos fatos.
MARINA, CANDIDATA NATURAL, MAS NÃO PARA O PSB
A aliança Campos-Marina nunca foi
unanimidade. A partir de 4 de outubro de 2013, quando se encontraram, se
acertaram (?), surpreenderam todo mundo político e partidário. Ninguém
imaginava essa aliança, mas não tendo conseguido registrar seu o partido, (a
Rede Sustentabilidade) não tinha opções.
Agora, poucos momentos depois do
desaparecimento de Campos surgem à disputa e a controvérsia pela substituição.
Marina não é a candidata mais satisfatória para o PSB. Mas haja o que houver é
a candidata natural. Era e é a vice, estava e está na campanha. E o próprio
Campos não perdia oportunidade de defender a aliança com Marina. Sempre dizia e
repetia: “É um acordo de projetos e compromissos, que cumpriremos juntos”.
A INCÓGNITA E A REVIRAVOLTA, DE 30 MILHÕES QUE NÃO TINHAM CANDIDATO
Existe um numero colossal de “não
eleitores”, obrigados a votar, mesmo não endo candidato, respondiam abertamente
nas pesquisas: “Não irei votar, votarei em branco”. Ou garantiam, “não estou
interessado na eleição, não quero e não vou responder”.
Oficialmente, informações do
Tribunal Eleitoral no Brasil existem hoje 137 milhões de cidadãos em condições
de votar, expressar sua convicção, preferência ou esperança num futuro
presidente. Proporcionalmente á população, é o maior eleitorado do mundo.
Elas também oficialmente desses
137 milhões, examinados comparativamente com outras eleições e cotejados os números, no mínimo,
no mínimo, 25 por cento não estão interessados. E sem qualquer duvida figuram
na lista que tem varias denominações. Não interessados, sem candidatos, “não
vou perder tempo, nenhum candidato me motiva, não sei e não quero saber de
eleição”.
No mínimo, no mínimo, totalizam
30 milhões de cidadãos, quase um presidente eleito, seguramente um integrante
do segundo turno. Em 2010, quase no final, 19 milhões de eleitores, tendo que
votar, e nenhum entusiasmo ou preferência por Dilma ou Serra, “escolheram” Dona
Marina. Era apenas dispersão ou desperdício.
Menos para Dona Marina,
ex-senadora e ex-ministra, que não tendo realizado coisa alguma nesses 12 anos,
acreditou que esses votos eram mesmo dela. Não imaginou nem de longe que fosse
voto de protesto, uma espécie de “cacareco”, personificado num personagem
tradicional, que agora pede, luta, briga por mudança.
Tendo incorporado esses 19
milhões de desesperançados á sua propriedade eleitoral, Dona Marina, agora,
mergulha na nova realidade.
Como votaram esses 30 milhões que
não tinham candidatos?
Hoje, sem dúvida iriam votar
emocionados, quase entusiasmados, em Aécio ou Dona Marina, ela será
obrigatoriamente indicada pelo PSB. Mas faltam 50 dias para a eleição, a
tristeza pela morte de Campos irá permanecer por muito tempo. A emoção para
guiar e aproveitar o voto e consolidar a saudade dele estará presente em outubro?
PODE NÃO DERROTA-LA, MAS DILMA FOI ATINGIDA
Esses 30 milhões de cidadãos que
não votariam por falta de entusiasmo, podem percorrer vários trajetos, mas é
inequívoco agora e depois, nenhum caminho leva a Dilma. Como ela se baseia no
próprio governo, um fracasso completo e irreversível, pode até vencer, mas
inegavelmente em clima de 7 a 1, naturalmente contra.
A ELEIÇÃO SEM ELEITOR, AGORA ATÉ SEM CANDIDATO
Estranhíssimo para o repórter que
cobriu e participou de tantas campanhas, terminar explicando que o quadro
eleitoralmente mudou completamente. Nunca falei com Eduardo Campos, vivíamos
longe, ele tinha exatamente a metade da minha idade.
Lamento a morte, a perda, o
desespero do desaparecimento. Mas lamento o fato da eleição ficar ainda mais vazia.
Na mente e no coração, da família, da população e do eleitor. Numa das raras
vezes, como repórter, não sei o que dizer, o que esperar, o que interpretar. Em
mim profissional e emocional, nada a dizer. Ou então repetindo Aristóteles,
quando seus alunos lhe perguntaram se ele sabia todas as coisas: “Meus filhos,
só sei que nada sei”.